Robert Kirkman, criador dos quadrinhos de The Walking Dead, declarou em uma carta da primeira edição que seu interesse principal era explorar como as pessoas reagem a situações extremas e como esses eventos as transformam.
O jogo The Walking Dead: The Game mantém essa mesma ênfase nas relações humanas presentes na obra original. Ele evidencia que, dentro desse universo apocalíptico, o verdadeiro perigo não são os zumbis, mas sim os outros sobreviventes. A iniciativa partiu da Telltale Games, que apresentou o projeto a Kirkman, já familiarizado com o estilo dos desenvolvedores, voltado para a narrativa. Ele aceitou a proposta e assim nasceu o jogo, inteiramente baseado nos quadrinhos, que posteriormente foi reconhecido como game do ano.
A trama acompanha Lee Everett, um ex-professor universitário que está sendo levado à prisão quando o surto zumbi começa. Durante o trajeto em uma viatura policial saindo de Atlanta, o motorista atropela um “walker” (nome dado aos zumbis no universo), provocando um acidente que deixa Lee inconsciente. Ao acordar, ele se depara com o caos instaurado. Essa introdução, similar à do personagem Rick Grimes, é fiel ao material original, mantendo o mistério sobre o que está acontecendo, já que Lee, assim como os jogadores, não presenciou o início da epidemia. Essa escolha narrativa não apenas cria suspense, mas também reforça que o foco da história não é o surgimento do apocalipse.
Após despertar e escapar por pouco de zumbis, Lee encontra uma garotinha que o leva até sua casa. Lá, ela o ajuda a se livrar de um zumbi e se apresenta como Clementine. Com os pais da menina mortos devido ao surto, Lee assume a responsabilidade de cuidar dela. O jogo avança explorando essa relação quase paternal, mostrando como ambos enfrentam as difíceis decisões que surgem ao longo da jornada. Logo, outros sobreviventes são apresentados, e cada interação — fala ou ação — influencia a dinâmica entre os personagens. Diferente de jogos de ação, The Walking Dead: The Game enfatiza o desenvolvimento por meio dos diálogos.
A jogabilidade da Telltale é um dos pontos fortes do título. No estilo point and click, o jogador faz escolhas durante conversas e ações, geralmente com quatro opções de fala que impactam o desenrolar da história. O interessante é que, como na vida real, não há como prever as consequências dessas decisões, o que aumenta a tensão a cada momento. Vale destacar que as escolhas são definitivas, só podendo ser revertidas ao reiniciar o episódio ou o jogo inteiro.
Fãs dos quadrinhos ficarão satisfeitos em perceber que o clima sombrio do original está presente no jogo. A morte é frequente e retratada de forma crua, assim como em outros títulos da Telltale, como The Wolf Among Us. O jogo é intenso, com decisões difíceis e momentos inesperados que aceleram o coração.
Visualmente, o game utiliza o estilo cell-shading, que confere um efeito de quadrinhos em 3D, alinhado à estética do material original. A expressividade dos personagens é bem transmitida principalmente pelos olhos, especialmente os de Clementine, embora os movimentos faciais, como os lábios, deixem um pouco a desejar.
Dividido em cinco episódios e um extra que conecta a primeira à segunda temporada, o jogo leva adiante as escolhas feitas pelo jogador, que influenciam os acontecimentos futuros. Cada episódio traz sua própria subtrama e desafios para os personagens, finalizando com cliffhangers que mantêm o interesse para o próximo capítulo.
Os roteiros alcançam um nível cinematográfico, às vezes até superior, e The Walking Dead: The Game é um exemplo claro disso. A narrativa é envolvente do começo ao fim, com ritmo equilibrado, forte carga dramática e jogabilidade eficiente. Leitores dos quadrinhos se identificarão rapidamente, e fãs da obra encontrarão uma das melhores adaptações já feitas. Mesmo quem não conhece o material original pode aproveitar a experiência, pois o jogo se sustenta por si só.
Informações do jogo:
The Walking Dead – 1ª Temporada (The Walking Dead – Season 1)
Desenvolvedora: Telltale Games
Lançamento: 11 de dezembro de 2012
Gênero: Aventura
Disponível para: PS3, PC, Xbox 360, iOS, Mac, Ouya
Sobre o autor:
Originário de uma galáxia distante, acabei neste planeta por acaso. Minha paixão por cinema e audiovisual me trouxe até aqui, mas meu interesse pelo entretenimento local vai além das telas – literatura, séries e jogos fazem parte da jornada dessa longa viagem.
Outras críticas recentes:
– The Last of Us: Left Behind
– Indiana Jones e o Cajado dos…
– Assassin’s Creed Shadows
– The Last of Us Part I
– Mortal Kombat (2011)
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– Cyberpunk 2077
– Lost: Via Domus
– Lost: The Mobile Game
Perguntas Frequentes:
1. Qual é o foco principal da narrativa em The Walking Dead: The Game e como ele se relaciona com os quadrinhos originais de Robert Kirkman?
O foco principal do jogo é explorar as relações humanas e as reações das pessoas em situações extremas, assim como nos quadrinhos de Robert Kirkman. A história enfatiza que, no universo apocalíptico, o maior perigo são os outros sobreviventes, e não apenas os zumbis, mantendo a essência emocional e dramática da obra original.
2. Como funciona a jogabilidade de The Walking Dead: The Game e de que forma as escolhas do jogador influenciam a história?
O jogo utiliza um estilo point and click, onde o jogador toma decisões por meio de opções de diálogo e ações que impactam diretamente o desenrolar da trama. As escolhas são definitivas, aumentando a tensão e a imersão, já que suas consequências nem sempre são previsíveis e só podem ser revertidas reiniciando o episódio ou o jogo.
3. Em quais plataformas The Walking Dead: The Game foi lançado e qual é a estrutura do jogo em termos de episódios?
The Walking Dead: The Game foi lançado em 11 de dezembro de 2012 pela Telltale Games e está disponível para PS3, PC, Xbox 360, iOS, Mac e Ouya. O jogo é dividido em cinco episódios principais e um episódio extra que conecta a primeira à segunda temporada, com cada capítulo apresentando sua própria subtrama e desafios, terminando em cliffhangers que mantêm o interesse para o próximo episódio.
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