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Resumo do filme Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa

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Chico Bento, o adorável caipira do universo de Mauricio de Sousa, sempre representou uma fatia essencial da identidade cultural brasileira, personificando a pureza da vida rural e a sabedoria inerente à simplicidade. Transportar um personagem tão arraigado no imaginário nacional para a tela grande, especialmente em formato live-action, é um desafio que exige delicadeza e um profundo entendimento de sua essência. É com essa premissa que “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa” se apresenta, sob a direção de Fernando Fraiha, prometendo uma imersão no idílico, mas nem sempre tranquilo, mundo da Vila Abobrinha.

O filme, que teve sua estreia nos cinemas em 9 de janeiro de 2025 e posteriormente chegou ao Prime Video em 22 de março de 2025, emerge como uma narrativa que, à primeira vista, celebra a ingenuidade infantil e o amor pela natureza. A história central gira em torno do afeto incondicional de Chico Bento por sua goiabeira, fonte de suas mais doces travessuras e refúgio de suas reflexões. Contudo, essa doçura é confrontada pela iminente ameaça da modernidade, simbolizada pela construção de uma estrada que colocaria em risco a existência da árvore e, por extensão, o modo de vida de toda a comunidade. O roteiro, assinado por Fernando Fraiha, Elena Altheman e Raul Chequer, consegue tecer uma trama que ressoa com os valores originais dos quadrinhos, sem cair em um didatismo excessivo, equilibrando humor e uma mensagem ecológica pertinente.

A direção de Fernando Fraiha demonstra uma sensibilidade notável para o universo caipira, capturando a luz dourada do interior paulista e a autenticidade das locações que compõem a fictícia Vila Abobrinha. Sua visão não se restringe a uma mera reprodução do que já é conhecido nas páginas das histórias em quadrinhos; ele expande o cenário, conferindo-lhe uma dimensão cinematográfica que valoriza a paisagem e os detalhes da vida no campo. A cinematografia, por sua vez, é um dos pontos altos, com imagens que evocam uma nostalgia agridoce, mas sempre envolvente, transportando o espectador para um Brasil profundo e muitas vezes esquecido.

O elenco é um dos pilares que sustentam a verossimilhança da adaptação. Isaac Amendoim, no papel de Chico Bento, entrega uma performance genuína e carismática, encarnando o personagem com uma naturalidade que é, ao mesmo tempo, fiel ao original e refrescante. Ao seu lado, Pedro Dantas como Zé Lelé e Anna Julia Dias como Rosinha complementam o trio principal com atuações que transmitem a camaradagem e a lealdade características da turma. A presença de nomes como Luis Lobianco no papel do rabugento Nhô Lau e Augusto Madeira como o Coronel Dotô Agripino adiciona uma camada de profissionalismo e humor às interações, enquanto Débora Falabella como Professora Marocas e Taís Araújo, em um papel especial como Dona Goiabeira, contribuem para a riqueza do conjunto.

A trilha sonora, composta por Fábio Góes, com adaptações de Ivan Vilela, é um elemento crucial que aprofunda a imersão na atmosfera rural do filme. As melodias folclóricas e instrumentais pontuam as cenas com leveza e emoção, realçando tanto os momentos de alegria e travessura quanto os de conflito e apreensão. A música não apenas acompanha a narrativa, mas se integra a ela, tornando-se parte integrante da experiência de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”.

Os temas abordados pelo filme transcendem a simples aventura infantil. A defesa da goiabeira de Nhô Lau e, por extensão, da natureza ao redor da Vila Abobrinha, é uma potente metáfora sobre a urgência da preservação ambiental e a resistência contra um progresso que desconsidera os laços comunitários e o valor intrínseco do ecossistema. É uma reflexão sobre a importância de ouvir a “natureza que fala”, como mencionado em um dos trailers do filme. Em um cenário global cada vez mais urbano e digital, onde conteúdos são acessíveis em plataformas variadas, desde Netflix a Disney+, a mensagem de Chico Bento sobre a simplicidade e a conexão com a terra é um lembrete valioso da nossa própria humanidade.

“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa” consegue ser mais do que uma mera adaptação; é um filme que honra suas origens, ao mesmo tempo em que se permite explorar novas profundidades temáticas e estéticas. Fernando Fraiha orquestra uma obra que é divertida e comovente, capaz de dialogar com diferentes gerações. A maneira como ele resgata a inocência de uma infância em contato com a natureza e a confronta com as complexidades do mundo moderno é um feito admirável. Ao final, o filme se estabelece como uma adição calorosa e significativa ao universo cinematográfico da Turma da Mônica, um lembrete poético da beleza e da fragilidade do nosso “Brasil caipira”. Para os leitores do AdoroCinema e outros entusiastas do cinema nacional, esta é uma obra que merece ser vista e apreciada.

Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa (Brasil, 2025)
Direção: Fernando Fraiha
Roteiro: Fernando Fraiha, Elena Altheman, Raul Chequer
Elenco: Isaac Amendoim, Pedro Dantas, Anna Julia Dias, Luis Lobianco, Augusto Madeira, Débora Falabella, Taís Araújo
Duração: 90 min.
Nota: ⭐⭐⭐⭐

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