O décimo filme oficial da franquia 007, a mais duradoura da história do cinema, e o terceiro com Roger Moore no papel do icônico espião, “007 – O Espião que Me Amava” é, surpreendentemente, uma obra que foge do desgaste comum dos filmes de Moore como Bond. A introdução do carismático antagonista Jaws, interpretado por Richard Kiel, um gigante com mandíbulas metálicas, traz um equilíbrio interessante entre o Bond brincalhão de Moore e uma dose saudável de aventura camp.
Lewis Gilbert retorna à direção, após ter comandado “007 – Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, trazendo um roteiro assinado pelo experiente Richard Maibaum e pelo novato Christopher Wood. A trama é recheada de elementos memoráveis, como Atlantis, a base submarina do vilão Karl Stromberg (Curd Jürgens), que mais parece tirada de um desenho animado, o navio-tanque Liparus, capaz de capturar submarinos, e cenários exóticos como templos egípcios. Esses detalhes enriquecem a narrativa e desviam a atenção do público do jeito mais leve e, para alguns, irritante do Bond de Moore — fato que fica claro para quem não é muito fã dessa versão do personagem. Um dado curioso é que o lendário Stanley Kubrick colaborou como consultor na iluminação das sequências envolvendo o navio Liparus, um toque de sofisticação para o filme.
A história começa no Egito, entre as pirâmides e um templo, onde Bond enfrenta Jaws e conhece a major russa Anya Amasova (Barbara Bach). Um ponto importante é que, durante os créditos iniciais, em uma perseguição de esqui nos Alpes suíços, Bond mata o marido de Anya, o que cria uma relação de amor e ódio entre os dois que permeia toda a trama, adicionando complexidade ao vínculo entre o espião e sua Bond Girl.
Enviado pelo MI-6 para investigar o desaparecimento de submarinos, Bond viaja pelo mundo a bordo do seu icônico Lotus Esprit branco, um presente relutante de Q (Desmond Llewelyn), que se transforma em submarino com o toque de um botão. A fotografia de Claude Renoir brilha especialmente nas cenas subaquáticas, que se encaixam muito bem na narrativa.
Porém, ao chegarem à base de Stromberg, a ação perde um pouco o ritmo. Gilbert prolonga as sequências em Atlantis, com encontros e reencontros repetitivos entre heróis e vilões, como Stromberg, Jaws, Bond e Amasova, que acabam dando uma sensação de enrolação. Embora esse tipo de clímax exagerado e explosivo seja típico dos filmes de Bond, uma edição mais enxuta e um roteiro mais direto teriam valorizado muito mais este momento. E, claro, um Bond menos caricatural teria ajudado — mas reclamar disso é uma batalha perdida.
No geral, “O Espião que Me Amava” diverte com sua grandiosidade e atenção aos detalhes, além do uso eficiente de miniaturas e efeitos práticos. Com alguns ajustes e a substituição de Roger Moore por outro ator da época, o filme poderia ter se tornado uma aventura verdadeiramente inesquecível.
Ficha Técnica:
Título: 007 – O Espião Que Me Amava (The Spy Who Loved Me)
País: Reino Unido
Ano: 1977
Direção: Lewis Gilbert
Roteiro: Richard Maibaum, Christopher Wood (baseado em obra de Ian Fleming)
Elenco: Roger Moore, Curd Jürgens, Richard Kiel, Desmond Llewelyn, Barbara Bach, Caroline Munro, Walter Gotell, Bernard Lee
Duração: 125 minutos
Perguntas Frequentes:
1. Quem é o antagonista principal em “007 – O Espião que Me Amava” e qual seu diferencial no filme?
O antagonista principal é Jaws, interpretado por Richard Kiel, um gigante com mandíbulas metálicas. Ele traz um equilíbrio interessante entre o estilo brincalhão de Roger Moore como Bond e uma dose saudável de aventura camp.
2. Qual é o papel da base submarina Atlantis na trama do filme?
Atlantis é a base submarina do vilão Karl Stromberg, que funciona como cenário principal para as sequências finais do filme, apresentando tecnologia avançada e cenários exóticos que enriquecem a narrativa.
3. Como o filme equilibra o tom leve do personagem Bond de Roger Moore com elementos de aventura?
O filme utiliza personagens marcantes como Jaws, cenários exóticos como templos egípcios e a base Atlantis, além de efeitos práticos e miniaturas, para criar uma aventura grandiosa que compensa o tom mais caricatural e brincalhão de Moore como Bond.
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