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Análise Crítica do Filme Critica Abendland: Vale a Pena Assistir?

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Com um tom de crítica social e reconhecido por sua profundidade aparente, o documentário Abendland (2011), dirigido pelo austríaco Nikolaus Geyrhalter, retrata a diversidade da vida noturna europeia. Filmado em várias cidades e países, o diretor capturou diferentes cenas cotidianas que poderiam formar um mosaico humano intrigante, caso houvesse um sentido claro por trás das imagens exibidas — algo que, infelizmente, o filme não consegue oferecer.

A narrativa passeia de uma reunião entre ministros e políticos discutindo a situação no Afeganistão até uma empresa de segurança no Reino Unido, passando por trabalhadores da limpeza em aeroportos, treinamentos policiais em simuladores, prostitutas em atividade, confrontos, festas locais, protestos sob linhas ferroviárias, hospitais e favelas. À primeira vista, tudo parece interessante e capaz de estimular debates variados. O conceito de mostrar a Europa durante a noite desperta a curiosidade do público, mas, na prática, o que predomina é o tédio causado pela falta de conexão entre as cenas.

Não sou fã de filmes que incentivam a passividade intelectual, especialmente documentários. Aprecio quando obras apresentam temas abertos, situações sem conclusões definidas e elementos aparentemente dispersos, desde que estejam integrados ao próprio filme, não apenas na proposta ou argumento, como ocorre em Abendland. Já observei críticas nesse sentido em outro filme exibido na 36ª Mostra SP, A Árvore dos Morangos (2011), que também deixa o espectador preso a uma observação puramente passiva.

Qualquer espectador atento, cinéfilo ou crítico tem, ou pelo menos deveria ter, o impulso automático de buscar significado no que assiste. Essa postura faz com que filmes aparentemente simples revelem múltiplas camadas e sentidos. No entanto, para que isso aconteça, a obra precisa possuir um propósito claro, com direção que a conduza, montagem que estabeleça um ritmo coerente e todos os elementos alinhados na mesma direção. Se, ao final, o filme se resume a uma série de cenas tecnicamente bem produzidas, porém desconexas, não é possível extrair um sentido global, apenas fragmentos isolados. E essa falha é um erro grave de concepção.

Mesmo considerando que a proposta seja apresentar um mosaico de acontecimentos sem diálogos, legendas ou explicações, há diversas formas de fazer isso funcionar sem transformar o filme numa sequência enfadonha e desconexa. Godfrey Reggio, por exemplo, já alcançou esse equilíbrio magistralmente em sua Trilogia Qatsi (1983-2002), utilizando apenas imagens cuidadosamente selecionadas e a trilha sonora de Philip Glass como guia. Apesar da contemplação imediata, o diretor e o editor criaram um ritmo e condução que permitem ao espectador tirar conclusões metafóricas, sociais, antropológicas e ambientais, conferindo profundidade à obra.

Assim, diante de um filme que parece apenas acumular monotonia, resta uma avaliação negativa. Nikolaus Geyrhalter busca a experimentação em Abendland, mas o único “experimento” que alcança é convencer o público a assistir a uma produção que se revela vazia, sem propósito e pretensiosa — o que faz deste um dos documentários austríacos mais frustrantes de 2012.

Abendland (Áustria, 2011)
Direção: Nikolaus Geyrhalter
Roteiro: Wolfgang Widerhofer, Nikolaus Geyrhalter, Maria W. Arlamovsky
Duração: 90 min

Perguntas Frequentes:
1. Qual é o principal tema abordado pelo documentário Abendland e como ele é apresentado?
O documentário Abendland retrata a diversidade da vida noturna europeia, mostrando cenas cotidianas em diferentes países e contextos, como reuniões políticas, trabalhadores, festas, protestos e hospitais. No entanto, o filme apresenta essas imagens de forma desconexa, sem um sentido claro ou narrativa integrada, o que prejudica a compreensão e o engajamento do espectador.

2. Por que o crítico considera Abendland um filme frustrante e quais são as principais falhas apontadas?
O crítico considera Abendland frustrante porque, apesar da qualidade técnica das imagens, o filme carece de um propósito claro, ritmo coerente e conexão entre as cenas. Essa falta de direção e montagem resulta em uma experiência entediante e passiva para o público, que não consegue extrair um significado global da obra, tornando o documentário vazio e pretensioso.

3. Como Abendland se compara a outros documentários experimentais, como a Trilogia Qatsi, segundo o artigo?
Enquanto Abendland apresenta uma sequência desconexa e monótona de imagens, a Trilogia Qatsi, de Godfrey Reggio, é citada como exemplo de como utilizar apenas imagens e trilha sonora para criar um ritmo e uma condução que permitem interpretações profundas. Reggio consegue equilibrar a experimentação com um sentido metafórico e social, algo que Abendland não alcança, segundo o crítico.

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