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Análise Crítica do Filme Critica Bem Amadas: Vale a Pena Assistir?

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Após o fracasso crítico, comercial e criativo de Homem ao Banho (2010), considerado seu pior trabalho, Christophe Honoré retorna ao gênero musical em busca de redenção. O cineasta aposta em um estilo que o consagrou entre os diretores franceses contemporâneos mais admirados. A expectativa era de que, ao revisitar os elementos que fizeram de Canções de Amor (2007) um sucesso, pudesse entregar um filme mais satisfatório do que seu lançamento anterior, Bem Amadas (2011).

O problema, porém, não está no enredo em si. A trama oferece grande potencial dramático, especialmente nas temáticas familiares e amorosas, que são pontos fortes da obra de Honoré. No entanto, o diretor parece ter se inspirado em Claude Lelouch e optou por um roteiro que atravessa quatro décadas, três cidades europeias e duas americanas, além de acompanhar o desenrolar de duas gerações da família Passer. Essa ambição acabou prejudicando o resultado final, que fica aquém do padrão habitual do cineasta.

O título escolhido para o mercado brasileiro, Bem Amadas, também interfere na percepção do público. A versão original, Les Bien-Aimés, é mais abrangente, referindo-se tanto a homens quanto a mulheres, o que confere uma ironia universal ao termo “bem-amado”, diferente da conotação restrita a mulheres delicadas interessadas em sapatos que o título nacional sugere. É importante destacar que o filme não é uma obra da diretora Sofia Coppola, como alguns podem pensar.

A narrativa começa com a história particular de uma jovem nos anos 1960 e se transforma em um épico geracional. A montagem de Chantal Hymans contribui para a transição entre as épocas, e a direção de Honoré oferece momentos dignos de destaque, como os encontros de Madeleine consigo mesma em diferentes tempos. Contudo, essas cenas são pontuais. Com o avanço das gerações, os problemas narrativos se intensificam. À medida que novas personagens são introduzidas, nem o roteiro nem a direção conseguem desenvolver satisfatoriamente suas psicologias e relevância para a trama. Embora nenhuma figura seja completamente descartável, o tratamento dado a elas deixa a desejar.

Outro ponto que compromete o filme é a trilha sonora criada por Alex Beaupain, colaborador frequente de Honoré. Diferentemente das composições marcantes de Canções de Amor, as músicas de Bem Amadas têm impacto reduzido; algumas são boas, mas a maioria carece de inspiração. Além disso, Honoré não consegue integrar adequadamente os números musicais à narrativa, e a coreografia, a movimentação em cena e a performance dos atores durante as canções deixam a desejar. Os poucos duetos presentes acontecem de forma tão rápida que o público mal consegue compreender sua importância dramática, o que é crucial em um musical.

Ainda assim, elementos típicos da filmografia de Honoré estão presentes, como a diversidade sexual, política e étnica, além de temas como a morte, a desintegração familiar e a rotina amarga de profissionais frustrados. Esses aspectos indicam que, por trás das dificuldades, havia um filme com potencial, que acabou sendo prejudicado por escolhas narrativas e estruturais complexas demais para serem bem executadas. O diretor tentou reposicionar sua imagem após o filme anterior, abordando questões mais densas e relevantes, mas a condução desse material resultou em uma obra excessivamente longa, com mais de duas horas, que poderia ter sido mais enxuta.

Bem Amadas não é um filme ruim, mas o sentimento que provavelmente ficará com a maioria do público após assisti-lo não será exatamente o amor.

Bem Amadas (Les Bien-Aimés) – França, Reino Unido, República Checa
Direção: Christophe Honoré
Roteiro: Christophe Honoré
Elenco: Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Ludivine Sagnier, Louis Garrel, Milos Forman, Paul Schneider, Radivoje Bukvic, Michel Delpech, Omar Ben Sellem, Dustin Segura-Suarez
Duração: 139 minutos

Perguntas Frequentes:
1. Qual é o principal motivo pelo qual o filme “Bem Amadas” não correspondeu às expectativas do diretor Christophe Honoré?
R: O filme apresenta uma narrativa demasiadamente ambiciosa, que atravessa quatro décadas, várias cidades e duas gerações familiares, o que prejudicou o desenvolvimento dos personagens e da trama, deixando o resultado final abaixo do padrão habitual do cineasta.

2. Como o título brasileiro “Bem Amadas” pode influenciar a percepção do público em relação ao filme?
R: O título nacional sugere uma conotação restrita a mulheres delicadas interessadas em sapatos, diferente do título original “Les Bien-Aimés”, que é mais abrangente e irônico, referindo-se tanto a homens quanto a mulheres, o que pode gerar uma leitura equivocada da obra.

3. Quais são as principais críticas feitas à trilha sonora e aos números musicais do filme?
R: A trilha sonora de Alex Beaupain, ao contrário do trabalho marcante em “Canções de Amor”, tem impacto reduzido e falta de inspiração na maior parte. Além disso, os números musicais não são bem integrados à narrativa, e a coreografia, movimentação e performances durante as canções são consideradas insatisfatórias, prejudicando o impacto dramático do musical.

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