Ao pensar em guerra, é natural que venham à tona as imagens de perdas humanas e destruição de cidades. Durante muito tempo, os conflitos foram travados longe dos centros urbanos, mantendo uma espécie de “campo de batalha civilizado”. Porém, a Segunda Guerra Mundial mudou esse cenário, colocando civis diretamente no epicentro da luta. Além disso, raramente lembramos das obras de arte, monumentos e locais históricos que foram danificados ou destruídos durante esse período, apesar de perdas notórias como as do Quarto de Âmbar, das esculturas de Arno Breker e da Igreja Memorial do Kaiser Wilhelm permanecerem em nossa memória coletiva.
Felizmente, nesse contexto surgiu um grupo conhecido como Monuments Men, liderado pelo professor Frank Stokes (interpretado por George Clooney no filme). A missão deles era preservar o maior número possível de obras de arte, protegendo-as ou recuperando-as das mãos dos nazistas. O filme Caçadores de Obras-Primas, baseado no livro homônimo de Robert M. Edsel, começa justamente com Stokes apresentando seu projeto ao presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt. Com a aprovação, ele monta uma equipe formada por especialistas em arte, encarregados de identificar e resgatar as peças em meio ao caos da guerra.
Logo no início, o filme adota um tom humorístico ao apresentar os integrantes do grupo, o que é esperado, considerando que o elenco conta com nomes como Bill Murray, John Goodman e Bob Balaban. No entanto, a insistência nesse humor ao longo da narrativa acaba enfraquecendo os momentos dramáticos, criando uma sensação de nostalgia que não chega a emocionar verdadeiramente o espectador.
George Clooney, que também dirige e co-escreveu o roteiro, tenta equilibrar o tom da obra, mas não consegue evitar que o ritmo lento prejudique o filme, que talvez seja seu trabalho mais fraco como diretor, especialmente em comparação com seu projeto anterior, Tudo pelo Poder (2011). A decisão de apresentar a história de forma fragmentada agrava o problema do tom inconsistente, diluindo a relevância do trabalho realizado por Stokes e sua equipe.
Em vez de acompanharmos uma verdadeira caçada às obras-primas, somos levados a cenas desconexas que parecem capítulos isolados de um diário. Muitas vezes, a guerra é retratada de maneira trivial, o que diminui a grandiosidade da missão dos Monuments Men, que acabam parecendo alheios ao conflito principal. Por isso, quando momentos de maior tensão surgem, eles dificilmente causam impacto. A trilha sonora de Alexandre Desplat, geralmente um ponto forte, reforça o tom cômico superficial, quase novelesco, implorando por risadas que não chegam.
Os problemas do filme se agravam na última parte, quando finalmente vemos os Monuments Men em ação. A resolução, que era aguardada com expectativa, acontece de forma rápida e genérica, sem apresentar conflitos reais. O maior roubo de obras de arte da história é mostrado como uma simples caça ao tesouro infantil, e a investigação para localizar os esconderijos nazistas não é explorada ao longo do filme. Apenas nas cenas em que quadros e esculturas são queimados conseguimos sentir o peso da perda, mas esses momentos são raros e não compensam as falhas anteriores.
Caçadores de Obras-Primas pretende celebrar o trabalho heroico desses homens durante a guerra, mas acaba parecendo um passeio turístico pelo campo de batalha. Com um elenco que não funciona em conjunto e uma trama desconexa e superficial, o filme não consegue cativar o público. No fim das contas, devido à condução pouco inspirada de Clooney, a missão de Stokes não convence, e as perdas humanas continuam ofuscando as culturais.
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Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men, EUA – 2014)
Direção: George Clooney
Roteiro: George Clooney e Grant Heslov (adaptação do livro de Robert M. Edsel e Bret Witter)
Elenco: George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville, Bob Balaban, Dimitri Leonidas
Duração: 118 minutos
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Sobre o autor:
Originário de uma galáxia distante, acabei caindo neste planeta por acaso, no setor 2814. Minha paixão por filmes me conduziu ao universo do Cinema e Audiovisual, onde sigo explorando novas histórias. Mas meu interesse pelo entretenimento terrestre vai além do cinema, abrangendo também literatura, séries e games — todos elementos essenciais desta longa jornada.
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Outras críticas disponíveis:
– Lilo & Stitch (2025)
– O Leitor (2008)
– Missão: Impossível – O Acerto Final
– Confusões à Italiana
– Nosferatu: A Linguagem das Sombras
– Premonição 6: Laços de Sangue
– Ninguém Sai Vivo Daqui (2023)
– Companheiros, Quase Uma História de Amor
– The Alto Knights: Máfia e Poder
Perguntas Frequentes:
1. Quem foram os Monuments Men e qual foi a missão deles durante a Segunda Guerra Mundial?
R: Os Monuments Men foram um grupo de especialistas em arte liderados pelo professor Frank Stokes, com a missão de proteger e recuperar obras de arte, monumentos e locais históricos ameaçados ou roubados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
2. Como o filme “Caçadores de Obras-Primas” retrata o trabalho dos Monuments Men?
R: O filme apresenta o trabalho dos Monuments Men de forma fragmentada e com um tom humorístico predominante, que enfraquece os momentos dramáticos e a grandiosidade da missão, resultando em uma narrativa desconexa que não explora profundamente os conflitos reais da guerra.
3. Quais são as principais críticas feitas ao filme “Caçadores de Obras-Primas”?
R: As críticas destacam o ritmo lento, o tom inconsistente entre humor e drama, a narrativa fragmentada, a falta de impacto emocional e a resolução apressada da história, que acabam prejudicando a celebração do trabalho heroico dos Monuments Men e não cativam o público.
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