Não surpreende que Headhunters (2011), terceiro longa do diretor norueguês Morten Tyldum, tenha conquistado muitos espectadores, mesmo que não seja um filme extraordinário. Grande parte desse reconhecimento se deve ao trabalho de Vidar Flataukan na edição, que conseguiu dar à obra um ritmo envolvente, equilibrando perfeitamente os momentos de tensão e suspense para impactar o público na medida certa — um mérito que merece destaque.
Fora essa qualidade técnica, o filme oferece pouco. Baseado no livro de Jo Nesbø, o roteiro acompanha Roger, um caçador de talentos que também se dedica a roubar obras de arte valiosas, e Clas Greve, ex-CEO de uma grande companhia de geolocalização. O conflito entre os dois ultrapassa o âmbito profissional e se torna uma disputa egóica, ainda mais complexa pela presença enigmática das mulheres, que podem estar envolvidas em conspirações empresariais de alto risco tanto financeiro quanto pessoal.
Nos primeiros 30 minutos, a narrativa funciona bem, equilibrando os aspectos pessoais, corporativos e criminais — o que cria um suspense interessante, especialmente pelo tema do roubo de obras de arte. Os conflitos são explorados de forma a abrir caminhos para o desenvolvimento da trama, e a introdução de Clas Greve intensifica a tensão em uma sequência bem construída.
No entanto, o roteiro perde o rumo quando começa a abandonar a verossimilhança. A partir daí, surgem situações pouco plausíveis para o tom realista que o filme vinha mantendo. Além disso, elementos como o drama familiar, com debates sobre o casamento de Roger e sua relutância em ter filhos, parecem deslocados e não se encaixam na história, fazendo a qualidade da narrativa despencar.
Apesar dos problemas, a montagem continua eficiente, e a fotografia se destaca ao capturar as cores frias da Noruega, tanto urbana quanto rural, criando uma atmosfera dura e quase fria que permeia o filme. Contudo, a direção falha ao conduzir o desenrolar e o desfecho da trama. Embora as revelações mantenham certo suspense, elas são mal estruturadas e não correspondem ao potencial do enredo. Parece que os roteiristas e o diretor tentaram criar uma sensação de ciclo vicioso — “isso acontece em todos os lugares, o tempo todo” —, mas acabaram diminuindo o impacto de um suspense que poderia ter um final muito mais eletrizante, mesmo que fosse para mostrar a vitória dos crimes perfeitos de Roger.
Sofrendo com as próprias falhas do roteiro, Headhunters deixa a desejar em seu fechamento e não justifica nem mesmo a curiosidade casual, a não ser que o espectador tenha um interesse especial na obra. No geral, trata-se de um filme que tende a ser esquecido.
Headhunters (Hodejegerne / Noruega, Alemanha, 2011)
Direção: Morten Tyldum
Roteiro: Lars Gudmestad, Jo Nesbø, Ulf Ryberg
Elenco: Aksel Hennie, Nikolaj Coster-Waldau, Sinnøve Macody Lund, Eivind Sander, Julie R. Ølgaard, Kyrre Haugen Sydness, Reidar Sørensen, Joachim Rafaelsen, Mats Mogeland
Duração: 100 min
Perguntas Frequentes:
1. Qual é o principal mérito técnico do filme Headhunters (2011) destacado na análise?
R: O principal mérito técnico destacado é a edição feita por Vidar Flataukan, que proporciona um ritmo envolvente ao filme, equilibrando momentos de tensão e suspense de forma eficaz.
2. Como o roteiro de Headhunters se desenvolve e quais são suas falhas segundo o texto?
R: O roteiro começa bem, explorando conflitos pessoais, empresariais e criminais com suspense interessante. Porém, depois perde a verossimilhança, apresenta situações pouco plausíveis e insere elementos familiares que parecem deslocados, o que prejudica a qualidade da narrativa.
3. Qual é a avaliação geral do filme e para quem ele pode ser recomendado?
R: A avaliação geral é que Headhunters é um filme que tende a ser esquecido devido às falhas no roteiro e direção, especialmente no desfecho. Ele pode ser recomendado apenas para espectadores com interesse especial na obra ou no gênero.
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