Imagem

Análise Crítica do Filme Critica Lunchbox: Vale a Pena Assistir?

Home > Filmes > Análise Crítica do Filme Critica Lunchbox: Vale a Pena Assistir?

O cinema indiano raramente aposta na simplicidade como elemento central. Desde os primeiros filmes falados produzidos no país, é possível perceber um forte conteúdo alegórico, frequentemente acompanhado por uma expressiva presença musical, que é um componente essencial da cultura local e tratado quase como algo sagrado nas telas. Paralelamente, o cinema de ação repleto de efeitos exagerados, que já se tornaram motivo de memes na internet, domina os grandes centros cinematográficos da Índia, especialmente em Bollywood. Isso deixa pouco espaço para obras mais contidas, que privilegiam narrativas simples e intimistas, como é o caso de Lunchbox.

Situado na movimentada Mumbai, Lunchbox narra a história de aproximação e distância entre duas pessoas, entrelaçando fantasia, paixão, solidão e desafios cotidianos. Saajan Fernandes é um viúvo amargurado que recebe marmitas – conhecidas como dabbas, o tradicional modelo indiano – de um restaurante próximo à sua casa. Ila, por sua vez, enfrenta um casamento fracassado. Um erro na entrega das marmitas faz com que Saajan receba a comida que deveria ter sido entregue ao marido de Ila. A partir desse engano, os dois começam a trocar cartas por meio dos dabbawalas, o serviço de entrega de marmitas, iniciando uma relação delicada e cheia de emoções.

Lunchbox marca a estreia na direção de Ritesh Batra, que conduz a história com sensibilidade e simplicidade. A produção é modesta, seja na fotografia ou na direção de arte, mas o diretor consegue contar a história dos encontros e desencontros desses dois personagens solitários com doses equilibradas de humor e uma trama que evolui gradualmente. O único ponto fraco está na repetição das cenas, que seguem basicamente entre dois locais — o escritório de Saajan e o apartamento de Ila — o que, apesar de intencional, pode cansar o espectador ao longo do tempo.

A montagem do filme é inteligente, utilizando efeitos sutis que exploram a teoria de Kuleshov, estabelecendo conexões emocionais entre as imagens de forma delicada. Elementos do cotidiano, como ônibus, ventiladores e televisões, ajudam a construir o ambiente, reforçando o contexto de uma cidade simples e as dificuldades enfrentadas pelos protagonistas. As relações que surgem entre Saajan e Ila não se apoiam em clichês ocidentais, o que confere uma autenticidade refrescante à narrativa.

Um destaque importante do filme é a culinária, que serve como ponto de partida para o drama e mantém-se em evidência por boa parte da história. Além disso, o roteiro desenvolve uma interessante exploração das realidades pessoais de Saajan e Ila, com o personagem Shaik trazendo momentos engraçados e ganhando espaço progressivamente.

Apesar de sua qualidade, a repetição constante do cenário acaba tirando um pouco do ritmo do filme após a metade, ainda que a trama nunca chegue a se tornar monótona. O roteiro se mantém sólido, mesmo diante desse desafio, segurando o interesse do público até o desfecho.

Lunchbox foi muito bem recebido por crítica e público, conquistando elogios pela forma delicada como aborda suas temáticas. No entanto, embora seja um filme competente e agradável, não chega a ser uma revolução ou uma reinvenção do cinema indiano, como alguns chegaram a sugerir. Ele se destaca pela cadência estética da primeira metade, mas perde um pouco de força na sequência, sustentando-se até o final graças à força das conexões que construiu no início.

Lunchbox (The Lunchbox / Dabba) – Índia / França / Alemanha / EUA, 2013
Direção: Ritesh Batra
Roteiro: Ritesh Batra, Rutvik Oza
Elenco: Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui, Lillete Dubey, Nakul Vaid, Bharati Achrekar, Yashvi Puneet Nagar, Denzil Smith, Shruti Bapna
Duração: 104 minutos

Perguntas Frequentes:
1. Qual é o enredo principal do filme Lunchbox e como ele se diferencia dos típicos filmes indianos de Bollywood?
O filme Lunchbox narra a história da aproximação entre Saajan, um viúvo amargurado, e Ila, uma mulher em um casamento fracassado, que começam a trocar cartas após um erro na entrega de marmitas (dabbas) em Mumbai. Diferente dos filmes indianos tradicionais, que costumam ser marcados por conteúdo alegórico e ação exagerada, Lunchbox aposta em uma narrativa simples, intimista e delicada, focando nas emoções e nas relações cotidianas dos personagens.

2. Como o diretor Ritesh Batra conduz a narrativa de Lunchbox e quais são os principais elementos estéticos do filme?
Ritesh Batra dirige Lunchbox com sensibilidade e simplicidade, utilizando uma produção modesta na fotografia e direção de arte. A montagem é inteligente, explorando sutilezas como a teoria de Kuleshov para criar conexões emocionais entre as imagens. O filme também utiliza elementos do cotidiano, como ônibus e ventiladores, para reforçar o ambiente de uma Mumbai simples e as dificuldades dos protagonistas.

3. Quais são os pontos fortes e fracos do filme Lunchbox segundo a crítica?
Os pontos fortes de Lunchbox incluem a abordagem delicada dos temas, a autenticidade das relações entre os personagens e a exploração da culinária como elemento central do drama. Já o principal ponto fraco está na repetição constante dos cenários, que se limitam basicamente ao escritório de Saajan e ao apartamento de Ila, o que pode tornar o ritmo do filme mais cansativo após a metade, embora a trama mantenha o interesse até o final.

O que você vai encontrar
  • Nenhum índice disponível.