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Análise Crítica do Filme Critica Need For Speed O Filme: Vale a Pena Assistir?

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Como transformar um videogame extremamente popular, com diversas versões, mas praticamente sem enredo, em um filme? A resposta parece simples: manter o estilo e deixar a história de lado.

Foi provavelmente esse o pensamento de George Gatins, roteirista estreante responsável pelo roteiro de Need for Speed – O Filme (por que será essa mania no Brasil de acrescentar um complemento nos títulos? Alguém realmente pensa que está assistindo a Need for Speed – O Videogame no cinema?). O resultado agrada aos fãs de jogos e entusiastas de carros, mas decepciona quem valoriza um roteiro bem construído e atuações de qualidade.

De certa forma, essa troca é justa. A franquia Velozes e Furiosos até tem seus defeitos no roteiro, mas, comparada a Need for Speed, é praticamente uma obra de Shakespeare. No entanto, Velozes e Furiosos não chega nem perto da quantidade de corridas que este filme oferece — e isso considerando apenas um título de Need for Speed contra toda a série Velozes e Furiosos.

Dirigido por Scott Waugh (conhecido por Ato de Valor), o longa se passa quase inteiramente ao volante, seguindo o estilo do jogo. A trama serve apenas como pretexto: começa com uma corrida ilegal, leva a outra, envolve uma morte previsível, uma prisão óbvia, o retorno do protagonista com sede de vingança — um clichê básico —, uma viagem atravessando os Estados Unidos e, finalmente, a corrida principal. Tudo isso acontece sem pausas relevantes, embora a duração exagerada do filme seja resultado da tentativa de Gatins de inserir alívios cômicos sem graça e romances forçados e previsíveis.

Se você é fã de carros e consegue desligar o cérebro por 130 minutos para curtir corridas de alta octanagem com veículos de tirar o fôlego — como o muscle car Ford Mustang Shelby GT500 customizado (prata com azul), os potentes Bugatti Veyron Super Sport (laranja e preto), Saleen S7 Twin Turbo (prata), McLaren P1 (vermelho), GTA Spano (amarelo), Lamborghini Sesto Elemento (preto fosco com vermelho) e não um, nem dois, mas três Koenigsegg Agera R (nas cores branco, vermelho e prata) —, certamente terá boas horas de entretenimento. Isso sem contar clássicos como Pontiac GTO 1967, Ford Bronco “Big Oly” 1971, Porsche 944 S 1987, Ford Torino GT 1969, BMW 2800 CS 1969 e Chevrolet Camaro SS 396 1968, entre outros.

É um verdadeiro banquete visual para apaixonados por velocidade e carros — viram o trocadilho? Curiosamente, apesar das críticas que possa receber, Scott Waugh é um forte opositor ao uso excessivo de efeitos digitais, praga comum em Hollywood. Por isso, grande parte das cenas de ação utiliza efeitos práticos e acrobacias reais sempre que possível. Não espere, portanto, algo tão absurdo e exagerado quanto a franquia de Vin Diesel; aqui o tom é mais realista, visceral, com manobras que realmente parecem acontecer diante de nossos olhos. Essa característica fica evidente logo no começo, com a exibição, em um drive-in, de cenas do clássico Bullitt, estrelado por Steve McQueen — um dos maiores filmes de perseguição já feitos.

Por esse motivo, é possível, em certos momentos, esquecer o quanto o roteiro é superficial e aproveitar a direção, algo raro em produções atuais, onde a montagem muitas vezes compromete o ritmo. Waugh cuida das sequências de forma clara, privilegiando tomadas mais longas e câmeras posicionadas em ângulos incomuns, incluindo algumas que nos colocam literalmente na cadeira do piloto Tobey Marshall, o mecânico e protagonista interpretado por Aaron Paul (conhecido como Jesse Pinkman em Breaking Bad), simulando a visão do cockpit típica dos jogos da franquia.

Entretanto, a falta de profundidade do roteiro gera problemas inevitáveis, sendo o principal a duração excessiva de mais de duas horas, que poderia ser facilmente reduzida. A primeira parte do filme, desde o início até a saída de Tobey da prisão, poderia ser cortada sem prejudicar a narrativa, já que não é essencial explicar detalhadamente os motivos que levam o herói a buscar vingança contra seu rival Dino Brewster (Dominic Cooper) na lendária corrida ilegal DeLeon, organizada pelo ex-piloto underground Monarch, vivido por Michael Keaton. O filme só ganha ritmo mesmo a partir da travessia do país a bordo do GT500 e da corrida final, embora o desrespeito exagerado à vida humana na última meia hora incomode e seja incoerente com o que vinha sendo construído até então.

Outro grande problema está na construção rasa e maniqueísta dos personagens. Tobey é o herói moralmente impecável; seus amigos, leais como cães; e Julia Maddon (Imogen Poots), uma compradora de carros exóticos que, obviamente, se torna interesse romântico do protagonista, limita-se a olhares e atitudes previsíveis. Se você busca personagens complexos, este filme é um exemplo do oposto. Nem mesmo Aaron Paul escapa da armadilha, especialmente quando o comparamos ao recente e marcante papel de Jesse Pinkman. Aqui, ele parece outro ator, preso a frases feitas, expressões vazias e gestos exagerados — um desperdício de talento, ainda que essa limitação não seja apenas culpa sua, dadas as circunstâncias.

Need for Speed é feito para quem busca a emoção da velocidade como se estivesse jogando videogame, mas no conforto do cinema. É divertido, mas também cansativo, especialmente por ser cerca de 40 minutos mais longo do que deveria. Os méritos ficam para o árduo trabalho de filmagem das corridas, que aconteceram quase sem o auxílio de efeitos digitais, algo raro e muito bem-vindo nos dias de hoje.

Need for Speed – O Filme (Need for Speed, EUA, 2014)
Direção: Scott Waugh
Roteiro: George Gatins
Elenco: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots, Scott Mescudi, Rami Malek, Ramon Rodriguez, Harrison Gilbertson, Dakota Johnson, Stevie Ray Dallimore, Michael Keaton
Duração: 130 minutos

Perguntas Frequentes:
1. **Como o filme Need for Speed lida com a falta de enredo presente no videogame original?**
O filme opta por manter o estilo das corridas e deixar a história em segundo plano, apresentando um roteiro simples e clichês básicos que servem apenas como pretexto para as sequências de corrida. Essa abordagem agrada fãs dos jogos e entusiastas de carros, mas decepciona quem busca uma trama mais complexa e atuações profundas.

2. **Quais são os destaques das cenas de corrida em Need for Speed – O Filme?**
As cenas de corrida são um dos maiores méritos do filme, com uso predominante de efeitos práticos e acrobacias reais, evitando exageros digitais comuns em Hollywood. A direção de Scott Waugh privilegia tomadas longas e ângulos incomuns, proporcionando uma experiência visceral e realista, incluindo perspectivas que simulam a visão do piloto dentro do carro.

3. **Quais são as principais críticas ao roteiro e aos personagens do filme?**
O roteiro é considerado superficial e excessivamente longo, com alívios cômicos e romances forçados que não funcionam bem. Os personagens são construídos de forma rasa e maniqueísta, com o protagonista moralmente impecável e o interesse romântico previsível. Mesmo o talento de Aaron Paul é subaproveitado devido a diálogos e expressões vazias.

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