“Os Dois Cavalheiros de Verona” é uma das primeiras obras de Shakespeare, frequentemente apontada como sua estreia literária, tendo sido escrita entre 1589 e 1592. A peça foi inspirada no romance “Los Siete Libros de La Diana”, do autor português Jorge de Montemayor.
A história começa com um diálogo entre os amigos Valentine e Proteus. Valentine decide partir para Milão em busca de novas experiências e tenta convencer Proteus a acompanhá-lo. No entanto, Proteus prefere permanecer na cidade por estar apaixonado por Julia, despedindo-se do amigo.
Com Valentine já em Milão, somos apresentados a Julia, que possui muitos pretendentes, mas seu coração pertence a Proteus. Logo depois, Proteus também é enviado pelo pai para Milão, com a intenção de que ele amadureça por meio das experiências vividas fora de casa. Antes da separação, o casal troca promessas de amor eterno.
Ao chegar em Milão, Proteus descobre que Valentine está apaixonado por Silvia, filha do duque. Apesar da amizade, Proteus logo se apaixona secretamente por Silvia e, para afastar Valentine, trama sua expulsão da cidade, visando conquistar a jovem em sua ausência.
A comédia se desenrola explorando o conflito entre amor e amizade, destacando a traição e a instabilidade emocional de Proteus. Embora a trama não seja particularmente marcante, ela introduz elementos que Shakespeare reaproveitou em trabalhos posteriores, como a presença de uma mulher que se disfarça de homem.
A versão cinematográfica dirigida por Don Taylor, integrada à coleção “The Complete Dramatic Works of William Shakespeare”, segue fielmente o texto original, mantendo os diálogos quase idênticos à peça. O inglês arcaico pode dificultar a compreensão inicial, fazendo com que a leitura da obra original seja recomendada para melhor entendimento. Com o avanço do filme, o público vai se acostumando com a linguagem dos personagens.
Um aspecto que por vezes compromete o ritmo do filme são os longos monólogos e divagações dos personagens, muitas vezes excessivamente prolongados para a tela, o que poderia ser evitado. Enquanto tais recursos funcionam no teatro, na versão cinematográfica acabam tornando o filme bastante longo, ultrapassando duas horas. Felizmente, os momentos cômicos proporcionados por Launce (interpretado por Tony Haygarth) e seu cachorro garantem boas risadas.
Apesar do inglês arcaico parecer afastar o espectador, as excelentes atuações tornam as falas naturais e convincentes, fazendo com que a linguagem antiga pareça verossímil. As interpretações, embora teatrais, combinam perfeitamente com o estilo da obra.
Grande parte do humor da peça e do filme reside no jogo de palavras, evidenciado nas interações entre Launce e Speed, servos de Proteus e Valentine, respectivamente. As traições de Proteus adicionam uma camada de incredulidade que reforça o tom cômico da história. A única ressalva é o perdão quase imediato que ele recebe tanto de Valentine quanto de Julia, vítimas de sua deslealdade.
A fotografia delicada e precisa do filme evita a impressão de um teatro filmado, acrescentando dinamismo às cenas com composições visuais cuidadosas. A trilha sonora instrumental, com músicas típicas da época retratada, contribui para uma imersão mais completa na narrativa.
“Os Dois Cavalheiros de Verona” não é um filme fácil de ser assistido, por ser uma adaptação extremamente fiel à comédia de Shakespeare. Embora a história não seja excepcional, o talento do elenco consegue cativar o público. É uma obra que vale a pena ser conferida, especialmente para quem conhece o texto original.
**Os Dois Cavalheiros de Verona (The Two Gentlemen of Verona)** – Reino Unido, 1983
Direção: Don Taylor
Roteiro: William Shakespeare
Elenco: Frank Barrie, Tessa Peake-Jones, Hetta Charnley, Tyler Butterworth, John Hudson, Nicholas Kaby, Michael Byrne, John Woodnutt, Joanne Pearce, Tony Haygarth
Duração: 137 minutos
Perguntas Frequentes:
1. Qual é a origem da peça “Os Dois Cavalheiros de Verona” e qual é sua importância na obra de Shakespeare?
“Os Dois Cavalheiros de Verona” é uma das primeiras obras de William Shakespeare, escrita entre 1589 e 1592, e frequentemente considerada sua estreia literária. A peça foi inspirada no romance português “Los Siete Libros de La Diana”, de Jorge de Montemayor. Embora não seja a obra mais marcante de Shakespeare, ela introduz elementos que o autor reutilizou em trabalhos posteriores.
2. Como é a adaptação cinematográfica dirigida por Don Taylor e quais são suas características principais?
A adaptação de Don Taylor, produzida no Reino Unido em 1983, segue fielmente o texto original de Shakespeare, mantendo os diálogos quase idênticos à peça. Por isso, utiliza inglês arcaico, o que pode dificultar a compreensão inicial. O filme tem duração de 137 minutos e inclui longos monólogos que podem comprometer o ritmo. No entanto, a fotografia cuidadosa, trilha sonora instrumental da época e o talento do elenco ajudam a tornar a obra envolvente.
3. Quais são os principais temas e conflitos abordados em “Os Dois Cavalheiros de Verona”?
A peça explora o conflito entre amor e amizade, destacando a traição e a instabilidade emocional do personagem Proteus, que trai seu amigo Valentine ao se apaixonar por Silvia, filha do duque. O humor da obra está presente nos jogos de palavras e nas interações dos servos Launce e Speed, mesmo diante das situações de deslealdade. A trama também introduz o recurso de uma mulher que se disfarça de homem, elemento recorrente em outras peças de Shakespeare.
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