No dia 31 de agosto de 2011, a DC Comics deu início a um aguardado reinício de seu universo. Embora a proposta tenha gerado controvérsias e riscos, ela acabou se mostrando bem-sucedida, e a partir de junho de 2012 a Panini passou a publicar essas histórias no Brasil. Aproveitando essa ocasião, trago aqui a última parte de uma série de breves comentários sobre os 52 novos títulos lançados nessa reformulação.
Após ler todas as séries, fica claro que a DC optou por um caminho mais seguro: quatro títulos estão ligados ao Superman (cinco, se incluirmos o da Liga da Justiça), dez giram em torno do Batman (doze, contando Liga da Justiça e Liga da Justiça Internacional) e quatro fazem parte do universo dos Lanternas Verdes. Sim, houve apostas mais ousadas, como Resurrection Man, Demon Knights, Voodoo e Captain Atom, mas o núcleo principal ficou mesmo nos personagens consagrados.
Segue um resumo dos últimos títulos:
40. All Star Western #1 (Jimmy Palmiotti, Justin Gray e Moritat)
Focado em Jonah Hex, o durão cowboy deformado, que desta vez é transportado para Gotham City no final do século XIX para investigar mortes macabras. Apesar da falta de originalidade, a revista se mantém interessante graças ao roteiro eficiente e à arte competente. Tem potencial, embora eu espere que a DC limite as referências ao Batman em títulos que não sejam do morcego.
41. Aquaman #1 (Geoff Johns, Ivan Reis e Joe Prado)
Johns aproveita o estigma do Aquaman para criar uma HQ meta, que brinca com as críticas ao herói, numa narrativa que dialoga diretamente com o leitor. A arte do brasileiro Ivan Reis é um destaque à parte. Se fosse uma edição única, seria perfeita, mas é incerto se o autor manterá esse tom nos próximos números. De qualquer forma, a revista é primorosa e merece ser adquirida.
42. Batman: The Dark Knight #1 (David Finch e Paul Jenkins)
Mais um título centrado no Batman, que já conta com outros três na reformulação. Infelizmente, este exemplar tropeça ao repetir clichês como fuga do Asilo Arkham e discursos de Bruce Wayne, além de copiar elementos do vilão de Batman: Arkham Asylum, o que funciona em jogos, mas não em quadrinhos. Um título que não vale a pena acompanhar.
43. Blackhawks #1 (Mike Costa e Ken Lashley)
Baseado em uma série dos anos 40 sobre um esquadrão de pilotos de caça, essa versão moderna apresenta uma trama confusa e visual que lembra o estilo dos desenhos de G.I. Joe. A introdução de meta-humanos parece cair no lugar-comum dos super-heróis, tornando a leitura pouco atraente. A série foi cancelada no número 8.
44. The Flash #1 (Francis Manapul e Brian Buccellato)
Barry Allen enfrenta uma festa atacada por criminosos, mas a narrativa é lenta e simplista, não envolvendo o leitor. A arte de Manapul, especialmente nas cenas de transformação, é um ponto positivo. No entanto, o roteiro não desperta muito interesse.
45. The Fury of Firestorm: The Nuclear Men #1 (Joe Harris, Ethan Van Sciver, Gail Simone e Yildiray Cinar)
Firestorm é apresentado como a fusão de duas pessoas distintas, com elementos raciais para equilíbrio político. Apesar de algumas ideias interessantes, o roteiro confuso e cheio de pontas soltas desestimula a continuidade da leitura.
46. Green Lantern: New Guardians #1 (Tony Bedard e Tyler Kirkham)
Focado em Kyle Rayner, este título traz uma narrativa bem construída que explora a perda dos anéis dos lanternas coloridos e suas consequências. Embora o passado dos Lanternas tenha sido comprimido na nova cronologia, a história é intrigante e merece atenção. Provavelmente a melhor revista dos Lanternas no relançamento.
47. I, Vampire #1 (Joshua Hale Fialkov e Andrea Sorrentino)
Com um visual impressionante, a trama envolve uma guerra entre vampiros e apresenta personagens complexos, além de referências ao universo heroico da DC. O roteiro inteligente e a boa construção da história indicam um título promissor.
48. Justice League Dark #1 (Peter Milligan e Mikel Janin)
Apesar de minha resistência inicial, a revista provou ser envolvente, apresentando um grupo de heróis ligados à magia, incluindo John Constantine. Milligan justifica a necessidade desse time separado da Liga da Justiça tradicional, com uma narrativa adulta e violenta. Um título com potencial.
49. The Savage Hawkman #1 (Tony S. Daniel, Jim Bonny e Philip Tan)
Embora nostálgico, o Gavião Negro sofre com um visual pouco inovador e um roteiro que traz elementos clichês, como um inimigo alienígena genérico. As mudanças propostas não convencem, tornando a leitura cansativa.
50. Superman #1 (George Pérez e Jesús Merino)
Superman aparece anos após Action Comics #1, com um uniforme renovado que serve como uma espécie de armadura. Clark Kent é retratado como um repórter dedicado, mas o enredo é prejudicado pela escolha de um vilão genérico e pela exposição excessiva. Tem potencial, mas precisa de antagonistas mais criativos.
51. Teen Titans #1 (Scott Lobdell e Brett Booth)
O título apresenta um novo grupo de jovens heróis com uma narrativa mais coesa que outros lançamentos de equipes, mostrando a formação do grupo e suas conexões. Vale a pena acompanhar.
52. Voodoo #1 (Ron Marz e Sami Basri)
Embora a escolha da DC para um título solo seja questionável, a história da stripper com segredos e investigação federal é bem conduzida e explora a sexualidade feminina de forma inteligente, diferente de outras tentativas da editora. Ainda assim, é incerto se a série terá longevidade.
Espero que esses comentários sobre os 52 títulos originais ajudem na hora de escolher suas leituras. Divirtam-se!
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Além dos quadrinhos, cresci aprendendo a fazer caretas com Marion Cobretti, a fugir de compromissos com John Matrix e me encantei por Stephanie Zinone, mesmo com fortes concorrentes como Emmeline Lestrange e Lisa. Inspirei-me em Daniel-San para lutar e pilotei aviões de cabeça para baixo com Maverick. Viajei no tempo para salvar Sarah Connor, cuidei do Gizmo religiosamente antes da meia-noite e, de vez em quando, enfrento demônios no Bairro Proibido. Já fui policial, blade-runner e assassino, mas às vezes volto às antigas, mando um “yippee ki-yay, motherfucker” e saio para dar uma volta na Ferrari do pai do Cameron ou no V8 Interceptor de Max, curtindo Ridgemont High com Jessica Rabbit.
Perguntas Frequentes:
1. Quais foram os principais focos temáticos da reformulação dos 52 títulos da DC Comics em 2011?
R: A DC Comics optou por focar principalmente em personagens consagrados, com quatro títulos ligados ao Superman, dez ao Batman e quatro ao universo dos Lanternas Verdes. Apesar de algumas apostas mais ousadas, o núcleo principal da reformulação ficou centrado nesses heróis clássicos.
2. Quais títulos da reformulação da DC Comics receberam críticas positivas e quais foram apontados como menos recomendáveis?
R: Entre os títulos elogiados estão “Aquaman”, pela arte e narrativa meta, “Green Lantern: New Guardians” pela história intrigante, “I, Vampire” pelo visual e roteiro inteligente, e “Justice League Dark” pela narrativa adulta e envolvente. Já “Batman: The Dark Knight” e “Blackhawks” foram criticados por clichês e história confusa, enquanto “The Flash” e “The Fury of Firestorm” não despertaram muito interesse.
3. Como a Panini Comics se relaciona com a publicação dos títulos da reformulação da DC Comics no Brasil?
R: A partir de junho de 2012, a Panini passou a publicar no Brasil as histórias da reformulação dos 52 títulos da DC Comics iniciada em agosto de 2011, tornando acessível para o público brasileiro essa nova fase do universo DC.
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