Às vezes, o público entra no cinema já esperando sair insatisfeito, certo de que não vai gostar do filme que vai assistir. Raramente essa impressão negativa se mostra infundada, e a obra consegue surpreender, virando até motivo de boas histórias entre os cinéfilos. Porém, na maioria das vezes, o receio se confirma, e o espectador sai da sessão lamentando: “Por que eu paguei para ver isso?”. Foi exatamente essa minha experiência ao ver Um Bom Partido (2012).
A trama gira em torno de George, um ex-jogador europeu de futebol, conhecido por sua habilidade como goleador. Após sofrer uma grave lesão, que o afasta dos campos, ele enfrenta um momento difícil que também contribui para o fim de seu casamento, afastando-o da esposa e do filho pequeno. Quando o filme começa, George está nos Estados Unidos, tentando recomeçar a vida. Encontrar um emprego é um desafio, e ele enfrenta muitas dificuldades para se adaptar.
A situação começa a mudar quando George conquista uma boa impressão entre os colegas do filho ao assumir temporariamente o treino de futebol dos garotos. A partir daí, várias oportunidades começam a surgir, tanto na vida profissional quanto na pessoal. Inicialmente, o espectador até se diverte com o drama familiar que tenta parecer complexo. A escolha de um atleta aposentado como protagonista foi uma tentativa do roteiro de diferenciar mais um enredo sobre famílias desfeitas que, eventualmente, se reconstroem. Entretanto, as histórias paralelas são bastante previsíveis: o homem desajeitado nos relacionamentos, com aparência descuidada, múltiplas amantes, charme forçado e um sentimentalismo familiar clichê.
O título em português, Um Bom Partido, é enganoso e não reflete a verdadeira essência do protagonista. O filme poderia ter sido mais interessante se tivesse dado foco ao relacionamento entre George e seu filho, bem como à sua busca por trabalho em uma área relacionada ao esporte, talvez como apresentador de programa esportivo. Produções sobre atletas e esportes têm tido recepções difíceis nos últimos anos – e, quando bem-sucedidas, geralmente exigem do público um conhecimento prévio do esporte, como em O Homem Que Mudou o Jogo. Assim, uma obra leve, divertida e acessível sobre esportes seria bem-vinda, ainda que sem grandes pretensões. Infelizmente, este filme não é esse caso.
Com o desenrolar da história, percebe-se que a narrativa de George se perde entre as mulheres que o seduzem, uma personagem pouco aproveitada interpretada por Dennis Quaid e um tratamento superficial dos conflitos principais, além das atuações automáticas da maioria do elenco. As poucas tramas que funcionam envolvem George, seu filho e a ex-esposa, embora até essas sejam deixadas de lado em prol de cenas desnecessárias e situações forçadas. Os personagens coadjuvantes parecem estar no filme apenas pelo peso de seus nomes, uma estratégia comum para tentar atrair público, mas que não salva a obra.
Com um roteiro disperso e sem um foco claro, recheado de distrações dispensáveis, Um Bom Partido se torna um filme que, apesar de ter potencial para ser uma produção razoável, acaba não acertando em nenhum aspecto. A tentativa de agradar a todos os gostos simultaneamente resulta em uma trama confusa, que não marca pontos e só consegue a indiferença ou o desdém do público.
Ficha técnica:
Um Bom Partido (Playing for Keeps) – EUA, 2012
Direção: Gabriele Muccino
Roteiro: Robbie Fox
Elenco: Gerard Butler, Jessica Biel, Noah Lomax, Dennis Quaid, Uma Thurman, Catherine Zeta-Jones, James Tupper, Judy Greer, entre outros
Duração: 105 minutos
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Sou especialista em Cronoanálise Aplicada e Metanarrativas Interdimensionais, formado em Jadoo de Clio pela Casa Corvinal e com pós-doutorado em Psicohistória Avançada pela Fundação Seldon. Atualmente, atuo como historiador-chefe em Astro City, mapeando civilizações críticas, e desenvolvo protocolos de resistência psíquica em exílio interdimensional. Também coordeno operações linguísticas em Torchwood e participo de projetos estratégicos da Agência Alfa, além de colaborar em transições ontológicas para novos planos de existência.
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Críticas anteriores:
– Lilo & Stitch (2025)
– O Leitor (2008)
– Missão: Impossível – O Acerto Final
– Confusões à Italiana
– Nosferatu: A Linguagem das Sombras
– Premonição 6: Laços de Sangue
– Ninguém Sai Vivo Daqui (2023)
– Companheiros, Quase Uma História de Amor
– The Alto Knights: Máfia e Poder
Perguntas Frequentes:
1. Qual é a trama principal do filme “Um Bom Partido” e como ela se desenvolve?
O filme acompanha George, um ex-jogador europeu de futebol que, após uma grave lesão e o fim de seu casamento, tenta recomeçar a vida nos Estados Unidos enfrentando dificuldades para se adaptar, encontrar emprego e reconstruir seu relacionamento com o filho e a ex-esposa. Apesar de algumas tramas promissoras, a narrativa se perde em histórias paralelas superficiais e previsíveis.
2. Quais são as principais críticas feitas ao filme “Um Bom Partido”?
O filme é criticado por um roteiro disperso e sem foco claro, personagens coadjuvantes pouco aproveitados, atuações automáticas e um sentimentalismo familiar clichê. Além disso, a tentativa de agradar a todos resulta em uma trama confusa e sem impacto, que não explora adequadamente o potencial da história central.
3. Por que o título “Um Bom Partido” é considerado enganoso em relação ao protagonista?
O título em português sugere que o protagonista seria um “bom partido” em termos pessoais ou românticos, o que não condiz com a personalidade e comportamento de George no filme. O título não reflete a verdadeira essência do personagem, que é mostrado como alguém desajeitado nos relacionamentos, com charme forçado e múltiplas amantes, o que contribui para a impressão negativa da obra.
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