Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas: Historinha para Domir

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Capítulo 1: O Buraco do Coelho

Alice estava cansada de ficar sentada ao lado de sua irmã sem fazer nada. Olhou para o livro que sua irmã estava lendo, mas ele não tinha figuras nem diálogos.

Para que serve um livro sem figuras nem diálogos? — pensou Alice.

Sentia-se sonolenta e entediada quando de repente viu um Coelho Branco passar correndo. Não havia nada de muito extraordinário nisso, nem mesmo quando ouviu o Coelho dizer para si mesmo:

Oh, Deus! Oh, Deus! Vou chegar atrasado!

Mas quando o Coelho tirou um relógio de bolso do colete e olhou para ele, Alice saltou de pé. Nunca tinha visto um coelho com um colete, muito menos com um relógio de bolso.

Esperem, senhor Coelho!

Ela correu atrás dele, mas logo o Coelho desapareceu dentro de um grande buraco. Sem pensar duas vezes, Alice seguiu o Coelho e caiu no que parecia ser um poço muito profundo. Caiu por tanto tempo que teve tempo de observar os objetos nas prateleiras ao longo das paredes do poço e de pensar consigo mesma:

Depois de uma queda como esta, não terei medo de cair das escadas!

Finalmente, Alice aterrissou suavemente em um monte de folhas secas. Levantou-se rapidamente e viu o Coelho Branco virar um corredor. Correu atrás dele, mas ele já havia desaparecido novamente. Alice se encontrou em um longo corredor com muitas portas.

Todas trancadas — suspirou.

Viu então uma pequena mesa de vidro e, sobre ela, uma pequena chave dourada. Experimentou abrir todas as portas, mas nenhuma delas se encaixava. Até que encontrou uma cortina de veludo, atrás da qual havia uma portinha com cerca de 38 centímetros de altura.

A chave encaixa! — exclamou Alice, feliz ao abrir a porta e espiar pelo corredor estreito. Viu o jardim mais lindo que já havia visto. Mas era pequena demais para passar pela porta.

Voltou para a mesa e encontrou uma garrafa com um rótulo que dizia “Beba-me”. Alice, sendo uma menina muito prudente, olhou primeiro se havia algum aviso de veneno. Não encontrando nenhum, tomou um gole.

Que sabor curioso! — disse ela. — Lembra torta de cereja, creme, abacaxi, peru assado e torrada com manteiga.

Imediatamente, Alice começou a diminuir de tamanho até ter apenas 25 centímetros de altura. Ficou contente por poder passar pela portinha, mas lembrou-se de que havia deixado a chave dourada em cima da mesa, agora alta demais para ela alcançar. Sentou-se e chorou.

Logo, viu uma caixa de vidro embaixo da mesa, contendo um bolo com as palavras “Coma-me” escritas com frutas cristalizadas. Alice comeu um pedaço, esperando que algo acontecesse. Começou a crescer, crescer, até que sua cabeça tocou o teto do corredor.

Que situação estranha! — exclamou Alice, agora com mais de três metros de altura.

Assustada com seu tamanho, Alice usou um leque que encontrou para se abanar. Sentiu-se encolhendo novamente, mas dessa vez, diminuiu tanto que acabou escorregando dentro de um lago de lágrimas que ela mesma havia chorado quando era gigante. Nadou até a margem e encontrou vários animais também nadando, incluindo um Dodo e um rato.

Capítulo 2: A Corrida de Caucus e a Longa História

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Alice no País das Maravilhas (Classic Edition)
  • Carroll, Lewis (Author)
  • 208 Pages – 10/04/2019 (Publication Date) – Darkside (Publisher)

No lago, os animais decidiram que precisavam se secar. O Dodo propôs uma Corrida de Caucus, onde todos correriam em círculos sem regras, até que, finalmente, ficaram secos.

Vamos começar a Corrida de Caucus! — disse o Dodo.

Os animais formaram um círculo e começaram a correr. Alice correu junto com eles, rindo da situação absurda. Depois de algum tempo, o Dodo declarou que todos estavam secos.

Quem ganhou? — perguntou Alice.

Todos ganharam! — respondeu o Dodo. — Aqui está o prêmio.

O Dodo deu um caramelo a cada um dos animais e a Alice. Eles agradeceram e sentaram-se para descansar. O rato, então, começou a contar uma longa história sobre um amigo dele que tinha se afogado. A história era tão longa e monótona que Alice quase adormeceu.

Quando o rato terminou sua história, Alice estava prestes a agradecer quando o Coelho Branco passou novamente, murmurando sobre a Duquesa.

Oh, Deus! Oh, Deus! Vou chegar atrasado!

Alice correu atrás dele e entrou na casa da Duquesa, onde encontrou uma cozinha cheia de fumaça e um bebê chorando, sendo cuidado por uma cozinheira que atirava pratos e talheres pela sala. A Duquesa cantava uma canção de ninar de forma agressiva, enquanto o bebê continuava chorando.

Aqui está! — disse a Duquesa, entregando o bebê a Alice. — Cuide dele, eu tenho um jogo de críquete com a Rainha.

Alice saiu com o bebê nos braços, mas logo percebeu que ele estava se transformando em um porquinho.

Se vai se transformar em um porco, é melhor deixá-lo ir. — e colocou o porquinho no chão, que saiu trotando feliz.

Capítulo 3: O Gato de Cheshire

Mais à frente, Alice encontrou o Gato de Cheshire, sorrindo em uma árvore.

Você poderia me dizer, por favor, que caminho devo seguir a partir daqui?

Isso depende bastante de onde você quer chegar. — respondeu o Gato.

Não me importa muito onde…

Então não importa que caminho você tome. — disse o Gato, desaparecendo e deixando apenas seu sorriso no ar.

Mas quero encontrar alguém, — insistiu Alice. — Você pode me ajudar?

Oh, certamente. — disse o Gato, reaparecendo. — Neste caminho, vive o Chapeleiro. E neste outro, a Lebre de Março. Visite qualquer um que desejar. Ambos são loucos.

Mas eu não quero estar entre gente louca, — protestou Alice.

Oh, você não tem escolha. Somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.

Como sabe que sou louca? — perguntou Alice.

Deve ser, — respondeu o Gato, — ou não teria vindo para cá.

Alice seguiu o caminho que o Gato indicou e encontrou uma mesa de chá, onde o Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março estavam tomando chá, com uma marmota dormindo entre eles. A mesa estava coberta de xícaras, mas todos pareciam sentados em apenas um canto.

Não há lugar! Não há lugar! — gritaram os dois ao ver Alice se aproximar.

Há muitos lugares! — respondeu Alice, sentando-se.

Capítulo 4: O Chá do Chapeleiro Maluco

O Chapeleiro ofereceu a Alice uma xícara de chá, mas logo começou a contar histórias confusas e sem sentido.

Por que um corvo é parecido com uma escrivaninha? — perguntou o Chapeleiro.

Acredito que posso adivinhar, — disse Alice.

Você quer dizer que pensa que pode encontrar a resposta, — disse a Lebre de Março.

Exatamente.

Então você deveria dizer o que pensa, — continuou a Lebre de Março.

É o que eu faço, — apressou-se Alice a explicar; ou pelo menos… pelo menos eu penso o que digo… é o mesmo, não é?

De modo algum, — disse o Chapeleiro. Você deveria dizer o que quer dizer.

É o mesmo que eu digo, — insistiu Alice.

O Chapeleiro tirou um relógio do bolso e olhou para ele de forma ansiosa, depois mergulhou-o na xícara de chá.

Que dia do mês é hoje? — perguntou o Chapeleiro, voltando-se para Alice.

Quatro.

Dois dias de atraso! — murmurou o Chapeleiro. — Eu te disse que manteiga não servia para consertar relógios! — acrescentou, olhando furioso para a Lebre de Março.

Alice ficou cada vez mais confusa e decidiu que seria melhor continuar seu caminho. Despediu-se dos dois e seguiu adiante pelo bosque.

Capítulo 5: O Jardim da Rainha de Copas

O jardim da rainha de copas

Finalmente, Alice chegou ao jardim da Rainha de Copas, onde os soldados, que eram cartas de baralho, pintavam as rosas brancas de vermelho.

Por que vocês estão pintando essas rosas?

Porque plantamos as rosas brancas por engano e a Rainha quer rosas vermelhas. Se ela descobrir, cortará nossas cabeças!

A Rainha de Copas chegou com sua corte e ordenou um jogo de críquete. Alice foi convidada a jogar, mas descobriu que o jogo era caótico, com flamingos vivos como tacos e ouriços como bolas.

Durante o jogo, a Rainha gritava a todo momento:

Cortem-lhe a cabeça!

Alice foi acusada injustamente e levada a julgamento. Lá, viu o Coelho Branco como um dos oficiais da corte. O Rei de Copas presidia o julgamento, e os jurados eram diversos animais.

Capítulo 6: O Julgamento

O julgamento foi confuso e sem sentido, com testemunhas dizendo coisas absurdas. Quando chegou a vez de Alice se defender, ela percebeu que tudo isso era uma farsa e exclamou:

Vocês não passam de um baralho de cartas!

Ao dizer isso, o baralho inteiro levantou-se no ar e começou a voar em direção a Alice. Ela acordou repentinamente, deitada no colo de sua irmã.

Foi tudo um sonho? — murmurou Alice, ainda meio confusa.

Sua irmã sorriu e disse:

Vamos para casa, Alice. Você pode me contar tudo sobre sua aventura no caminho.

E assim, enquanto caminhavam, Alice contou sua incrível aventura no País das Maravilhas, imaginando se algum dia ela poderia voltar a encontrar aquelas figuras tão peculiares e maravilhosas.

Fim.

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Personagens Marcantes e Seus Significados

A riqueza simbólica de Alice no País das Maravilhas reside fortemente na construção dos personagens, que vão muito além da fantasia infantil.

Cada figura representa uma ideia, uma crítica ou um reflexo do mundo real, criando um universo que, embora caótico, comunica mensagens profundas por meio do absurdo.

Alice, protagonista da obra, é a personificação da curiosidade, da dúvida e do amadurecimento. Sua jornada representa o conflito interno de quem está crescendo: ora ela se sente inadequada, ora confiante demais, e constantemente é forçada a se adaptar a um mundo em constante transformação. Alice não é apenas uma criança em um sonho estranho — ela é a própria experiência da transição entre a inocência e a consciência crítica.

Já o Coelho Branco, sempre apressado, simboliza o tempo que escapa, a ansiedade do mundo moderno e a entrada em uma realidade desconhecida.

O Gato de Cheshire, com sua lógica invertida e sorriso enigmático, representa o relativismo das escolhas e das certezas.

Por fim, a Rainha de Copas é a caricatura do poder autoritário e irracional: ela manda cortar cabeças sem julgamento justo, ilustrando como sistemas de autoridade podem ser arbitrários, abusivos e contraditórios. Esses personagens, junto de tantos outros, tornam o País das Maravilhas um espelho deformado, mas revelador, do mundo real.

O Impacto Cultural e Literário da Obra

Desde sua publicação em 1865, Alice no País das Maravilhas influenciou profundamente a literatura, o cinema, as artes visuais e até os estudos acadêmicos.

A obra de Lewis Carroll atravessou fronteiras linguísticas e culturais, sendo traduzida para dezenas de idiomas e adaptada incontáveis vezes — da animação clássica da Disney às versões mais sombrias do cinema contemporâneo.

O impacto literário é notável. Carroll rompeu com os modelos narrativos convencionais da época vitoriana ao criar uma obra que não se baseia em moralismo, mas sim no absurdo e na lógica ilógica.

Isso abriu espaço para a valorização da imaginação como centro da narrativa infantil e inspirou movimentos artísticos como o surrealismo. Na academia, Alice é analisada sob diversas perspectivas — linguística, psicanalítica, filosófica e até matemática, refletindo a profundidade estrutural do texto original.

Além disso, o universo de Alice tornou-se um ícone da cultura pop. Frases como “Somos todos loucos aqui” ou “Cortem-lhe a cabeça!” viraram expressões populares, estampam camisetas e surgem em músicas, tatuagens e memes.

A obra é um dos raros casos de literatura que se consolidou simultaneamente como clássico literário e fenômeno cultural de massa, atravessando gerações com a mesma força.

Conclusão de Alice no País das Maravilhas

Alice no País das Maravilhas permanece como uma das narrativas mais influentes da literatura mundial por sua capacidade única de misturar imaginação, crítica social e reflexão filosófica.

A jornada de Alice não é apenas uma aventura mágica: é uma representação simbólica do processo de autoconhecimento, da adaptação à mudança e da busca por sentido em um mundo incoerente.

Com personagens inesquecíveis, cenários instáveis e diálogos que desafiam a lógica, a obra convida o leitor a questionar certezas, observar os absurdos do cotidiano e refletir sobre como encaramos a realidade.

Cada página oferece uma nova provocação, um novo espelho distorcido que, paradoxalmente, nos revela verdades profundas.

Ao revisitar ou descobrir esta história, nos deparamos com um mundo onde tudo é possível — inclusive confrontar nossos próprios medos, dúvidas e limites.

E talvez por isso, mais de um século depois, ainda voltamos ao País das Maravilhas em busca de respostas, encantamento e, acima de tudo, perspectiva.