No vasto panorama do cinema contemporâneo, onde a inovação se confronta constantemente com a repetição de fórmulas, a chegada de um novo trabalho do diretor Zach Cregger é sempre um evento a ser observado com lupa. Após o impactante “Noites Brutais” (Barbarian), Cregger retorna à cena com “A Hora do Mal” (Weapons), um thriller de terror que não apenas confirma sua assinatura autoral, mas também eleva a barra do que se espera de narrativas de suspense psicológico. O filme se insere em uma corrente de produções que desafiam o público a ir além do susto fácil, propondo reflexões mais profundas sobre o mal e a natureza humana.
A trama de “A Hora do Mal” se desenrola a partir de um mistério perturbador que assola uma pequena comunidade: a inexplicável e simultânea fuga de 17 crianças de uma mesma turma, exceto uma, na calada da madrugada, precisamente às 2h17. Esse evento enigmático, sem sinais de arrombamento ou sequestro, lança a cidade em um turbilhão de perguntas e paranoia, forçando os moradores a confrontar o impensável. A narrativa habilidosamente utiliza múltiplos pontos de vista, técnica que confere profundidade e camadas à investigação, revelando como a tragédia afeta diferentes indivíduos e seus segredos mais íntimos. Para mais informações sobre a trama e o desenvolvimento da produção, plataformas como o AdoroCinema oferecem um panorama detalhado.
A direção de Zach Cregger é um dos pilares da força do filme. Cregger demonstra um amadurecimento notável, construindo uma atmosfera de suspense sufocante que se apoia mais no terror psicológico do que em artifícios de choque. A cinematografia contribui imensamente para esse clima, com um uso inteligente da luz e da sombra que amplifica a sensação de vulnerabilidade e o desconhecido. Cada quadro é pensado para gerar desconforto, para prender o espectador em uma teia de inquietação crescente. A trilha sonora, composta pelo próprio Cregger em parceria com Ryan Holladay e Hays Holladay, é outro elemento crucial, pontuando a tensão e sublinhando os momentos de maior angústia sem ser invasiva, mas sim orgânica à narrativa.
O roteiro, também assinado por Cregger, é ambicioso e complexo, merecendo destaque pela maneira como tece a história através de diferentes perspectivas. As atuações do elenco são igualmente dignas de nota, com Josh Brolin, Julia Garner e Alden Ehrenreich entregando performances marcantes. Julia Garner, em particular, brilha na pele da professora Gandy, cuja turma está no centro do mistério, transmitindo uma mistura de desespero e resiliência que cativa o público. O trio principal estabelece uma química palpável, enriquecendo as interações e tornando os dilemas dos personagens ainda mais críveis e impactantes. A profundidade com que os atores abordam seus papéis é fundamental para sustentar a carga emocional e o mistério que o filme propõe.
Além da trama envolvente e das performances consistentes, “A Hora do Mal” explora temas universais como o luto, a culpa, o medo do desconhecido e a resiliência humana diante de eventos traumáticos. O próprio diretor revelou que o processo de escrita do filme foi uma forma de terapia para lidar com o luto pela perda de um amigo próximo, o que confere uma camada adicional de autenticidade e emoção à obra. Essa dimensão pessoal se reflete na intensidade dos sentimentos transmitidos pela tela, convidando o espectador a uma imersão que transcende o simples entretenimento. A complexidade do filme e sua abordagem aos temas sensíveis demonstram a capacidade do cinema em ser um espelho para as aflições e esperanças humanas.
“A Hora do Mal” é um filme que se destaca no gênero, oferecendo não apenas um terror eficiente e inteligente, mas também uma obra que ressoa emocionalmente e provoca o intelecto. Cregger solidifica sua posição como um dos diretores mais intrigantes da atualidade, entregando um filme que é ao mesmo tempo assustador e profundamente humano. Com uma recepção crítica inicial bastante positiva, atingindo até 100% de aprovação em agregadores de crítica, “A Hora do Mal” é uma experiência cinematográfica imperdível para aqueles que buscam um terror que desafia e recompensa. A obra já está disponível para compra ou aluguel em plataformas digitais como o Prime Video.
A Hora do Mal (Weapons – EUA, 2025)
Direção: Zach Cregger
Roteiro: Zach Cregger
Elenco: Josh Brolin, Julia Garner, Alden Ehrenreich
Duração: 100 min.
Nota: ⭐⭐⭐⭐
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