Resumo do Filme Critica A Catedral 1989

Resumo do Filme Critica A Catedral 1989

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O terror gótico e o absurdo na obra de Michele Soavi

Durante as décadas de 1970 e 1980, o cinema de terror italiano ganhou destaque graças a diretores consagrados como Lucio Fulci, Lamberto Bava e Dario Argento — este último, inclusive, envolvido no roteiro de A Catedral. Nessa época, os filmes do gênero priorizavam a criação de atmosferas opressivas e cenas de violência visualmente impactantes, deixando muitas vezes o roteiro e o desenvolvimento dos personagens em segundo plano. É inegável que obras como Suspiria (1977), de Argento, são marcos do horror, assim como Demons: Filhos das Trevas (1985), de Lamberto Bava, se destacam pelo entretenimento, mesmo que a narrativa não seja seu ponto forte. O mesmo pode ser dito sobre o filme dirigido por Michele Soavi, que claramente se inspira nesses mestres do terror italiano.

A história se passa na Idade Média, quando um grupo de cavaleiros teutônicos destrói um vilarejo inteiro, acusando seus moradores de cultuarem o demônio. Eles enterram as vítimas em uma vala comum e erguem uma catedral sobre o local. Séculos depois, nos tempos modernos, o novo e ambicioso bibliotecário da catedral (Tomas Arana) descobre pistas sobre uma passagem secreta que leva a um túnel sob a construção. Convencido de que encontrou um tesouro escondido, ele abre o caminho, libertando espíritos malignos. A catedral é então selada, aprisionando um grupo de pessoas dentro dela. Agora, eles precisam lutar para sobreviver enquanto o Padre Gus (Hugh Quarshie) e a jovem Lotte, filha do sacristão (Asia Argento), tentam impedir que o mal liberto se espalhe pelo mundo.

Originalmente concebido para ser o terceiro filme da série Demons, essa produção do final dos anos 1980 acabou ganhando vida própria, adotando um tom mais sombrio e sério em comparação com o tom mais descontraído e absurdista da franquia de Lamberto Bava — embora algumas cenas absurdas típicas ainda estejam presentes. O roteiro, assinado por Dario Argento, Franco Ferrini e o próprio Soavi, trata as possessões demoníacas como uma espécie de vírus zumbi, transmitido por mordidas, arranhões ou contato com fluidos corporais. Contudo, essa explicação funciona mais como um pretexto para que o diretor explore as imagens macabras que idealizou para o filme. Entre as cenas mais marcantes, está um momento perturbador em que uma noiva, ao ver seu reflexo envelhecido no espelho, começa a arrancar a própria pele. Soavi também utiliza sutilezas para causar inquietação, como a passagem em que um personagem possuído observa Lotte e digita repetidamente a mesma tecla de sua máquina de escrever de maneira sugestiva.

A trilha sonora ficou sob responsabilidade da banda Goblin, famosa por compor a música de Suspiria, mas aqui entrega uma execução mais contida e menos memorável. Falando em Argento, este é um dos primeiros trabalhos no cinema da atriz Asia Argento, filha do diretor. De modo geral, A Catedral é um filme que se mostra divertido, com uma atmosfera cuidadosamente construída e um trabalho de efeitos práticos digno de destaque. No entanto, talvez soe um pouco sério demais para o tom que a obra poderia assumir. Falta a Soavi um pouco mais de autoconsciência para lidar com os momentos mais absurdos do filme, mas, ainda assim, a produção se destaca dentro do rico cenário do horror italiano dos anos 1980 por combinar com charme elementos clássicos do terror gótico com a aura característica daquela época.

A Catedral (La Chiesa) – Itália, 1989
Direção: Michele Soavi
Roteiro: Michele Soavi, Dario Argento, Franco Ferrini
Elenco: Hugh Quarshie, Tomas Arana, Asia Argento, Feodor Chaliapin Jr, Barbara Cupisti, Giovanni Lombardo Radice, entre outros
Duração: 102 minutos

Qual é o enredo principal do filme “A Catedral” dirigido por Michele Soavi?

O filme se passa na Idade Média, quando cavaleiros teutônicos destroem um vilarejo e erguem uma catedral sobre a vala comum onde enterraram as vítimas. Séculos depois, um bibliotecário descobre uma passagem secreta sob a catedral, libertando espíritos malignos que aprisionam pessoas dentro do local. Agora, eles precisam lutar para sobreviver enquanto tentam impedir que o mal se espalhe pelo mundo.

Como “A Catedral” se relaciona com outros filmes de terror italianos da década de 1980?

Originalmente pensado como o terceiro filme da série “Demons”, “A Catedral” adotou um tom mais sombrio e sério, diferenciando-se do tom mais descontraído e absurdo da franquia de Lamberto Bava. O filme foi influenciado por diretores como Dario Argento, que também participou do roteiro, e combina elementos clássicos do terror gótico com a atmosfera característica do horror italiano dos anos 1980.

Quais são os destaques técnicos e artísticos do filme “A Catedral”?

O filme apresenta efeitos práticos de destaque e uma atmosfera cuidadosamente construída. A trilha sonora ficou a cargo da banda Goblin, que entregou uma execução mais contida comparada a trabalhos anteriores. Além disso, cenas marcantes, como a da noiva arrancando a própria pele, e sutilezas inquietantes, como o personagem possuído digitando repetidamente na máquina de escrever, contribuem para o clima perturbador da obra.

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