O amor verdadeiro refletido na inocência de duas crianças
“Estou apaixonado há duas semanas e meia, e essa dor não desejo nem ao meu pior inimigo.” — Gabe.
Ah, o primeiro amor… Quem nunca viveu essa experiência ainda na infância? Aquela sensação de borboletas no estômago, acompanhada do desejo constante de estar perto daquela companhia especial da escolinha, que de repente se torna indispensável no dia a dia. Essa emoção singela é retratada de forma sensível no filme Little Manhattan, conhecido no Brasil como ABC do Amor. O longa tem como protagonistas Josh Hutcherson — famoso pela trilogia Jogos Vorazes —, que interpreta Gabe, e Charlotte Ray Rosenberg, no papel de Rosemary Telesco. Gabe, um garoto de 10 anos, se apaixona por Rosemary, de 11, enquanto lida com a rotina de pais separados que, ainda assim, moram sob o mesmo teto — Adam (Bradley Whitford) e Leslie (Cynthia Nixon). Embora a trama seja uma comédia romântica simples, ela encanta justamente pela pureza do relacionamento infantil, sem qualquer conotação adulta ou sexual.
Narrado em primeira pessoa pelo próprio Gabe, acompanhamos sua rotina típica de um menino nova-iorquino: jogos de futebol americano, basquete, brincadeiras com os amigos. Mas algo novo surge em sua vida: o primeiro amor. Esse sentimento, que quase sempre chega de forma inesperada — talvez até em uma aula de karatê —, transforma completamente sua visão de mundo. Apaixonar-se não é apenas desejar alguém, mas aprender a lidar com as emoções que acompanham esse novo sentimento, em meio às mudanças próprias da vida. O que torna a narrativa ainda mais envolvente é justamente a voz doce e infantil de Gabe, que nos faz torcer para que ele e Rosemary fiquem juntos.
Como em qualquer história de amor, obstáculos aparecem no caminho dos dois. Rosemary precisa ir a um acampamento de seis semanas e pode acabar estudando em um colégio particular longe dali. Além disso, Gabe enfrenta suas próprias dificuldades, como quando mente para os pais dizendo que foi a um parque de diversões com um amigo, enquanto na verdade estava ajudando seu pai a procurar um apartamento, já que seus pais estão se divorciando. A vida, para o pequeno Gabe, mostra que nossas decisões têm consequências, sejam elas boas ou ruins. O amor, por mais bonito que seja, também pode trazer tristeza e sofrimento. Apesar da vontade de um final feliz típico das comédias românticas, ABC do Amor apresenta uma visão realista: amar não significa que esse sentimento perdurará para sempre pela mesma pessoa. Não é uma história triste, nem um conto de fadas, apenas uma narrativa sincera sobre o primeiro amor — e isso já é suficiente para tornar o filme especial.
Na infância, esse primeiro amor é intenso e significativo. Se até para os adultos o amor pode ser fonte de sofrimento, imagine para uma criança que ainda está descobrindo o mundo e suas complexidades? Nesse estágio, o sentimento é puro, desprovido de qualquer conotação sexual, apenas cheio de ternura e desejo de estar perto do outro. Por isso, Gabe faz de tudo para estar junto de Rosemary — seja em passeios pelo Central Park com a babá, seja nas aulas de karatê. Um ponto curioso, porém, é que alguns diálogos parecem maduros demais para crianças de 10 e 11 anos, como quando discutem sobre as meninas amadurecerem antes dos meninos. Essa maturidade psicológica dos personagens talvez tenha sido pensada para atrair mais o público adulto do que o infantil.
Um dos momentos mais encantadores é quando Gabe acompanha os pais de Rosemary a um show e, durante o evento, consegue segurar a mão dela, que retribui com um sorriso. No fim do passeio, dá até um beijo — mais um selinho, na verdade —, que o deixa pensando por horas se ela gostou ou não da atitude. A ansiedade, o frio na barriga, a dúvida sobre ser correspondido ou não: tudo isso faz parte do pacote do primeiro amor, um sentimento doce que gera lembranças afetuosas e nostálgicas, como um convite para reviver a melhor fase da vida.
Assim, mesmo que o amor acabe, ABC do Amor mostra que o primeiro amor permanece para sempre em nossa memória afetiva, mesmo que outros amores surjam na vida adulta. Outro destaque do filme é a própria cidade de Nova York, que funciona quase como um personagem, sendo uma extensão do universo das crianças que vivem em apartamentos, mas exploram cantinhos como o Greenwich Village, o Central Park, a Broadway, o metrô e as ruas agitadas da metrópole. A diversidade cultural é evidente, com personagens de diferentes origens, como o cantor indiano do restaurante chique e o menino árabe que pratica judô, o que torna o cenário ainda mais rico e encantador para essa história de amor infantil.
Entre as curiosidades, vale mencionar que o primeiro beijo dos atores mirins também foi o primeiro beijo deles na vida real. Além disso, Jennifer Flackett, roteirista, e Mark Levin, diretor do filme, são casados e escreveram o roteiro em apenas seis semanas.
ABC do Amor (Little Manhattan) | EUA, 2005
Direção: Mark Levin
Roteiro: Jennifer Flackett
Elenco: Josh Hutcherson, Charlotte Ray Rosenberg, Bradley Whitford, Cynthia Nixon, Talia Balsam, John Dossett, entre outros
Duração: 90 minutos
Apaixonado por séries desde 2010, não consigo deixar de escrever sobre histórias e personagens cativantes. Minha paixão começou ao conhecer a trilha sonora da série The O.C., a melhor série teen de todos os tempos. Espero ansiosamente por convites para acompanhar personagens como Dean e Sam Winchester em Supernatural ou os médicos Evandro e Carolina em Sob Pressão. Enquanto isso, sigo acompanhando principalmente o conteúdo nacional, que ainda é pouco valorizado, mas muito querido por mim, incluindo o sonhador Arthur Barbosa de Boyhood (2014).
Qual é a temática central do filme “ABC do Amor” (Little Manhattan) e como ela é retratada?
O filme aborda o primeiro amor na infância, explorando a inocência e a pureza do sentimento entre duas crianças de 10 e 11 anos. A narrativa mostra, de forma sensível e realista, as emoções e desafios que acompanham essa experiência, sem conotação adulta ou sexual, focando na ternura, na ansiedade e nas descobertas dessa fase da vida.
Quem são os protagonistas do filme e como eles vivenciam o primeiro amor?
Os protagonistas são Gabe (interpretado por Josh Hutcherson) e Rosemary (vivida por Charlotte Ray Rosenberg). Gabe, um garoto de 10 anos, se apaixona por Rosemary, de 11, e juntos vivem momentos delicados e encantadores, como passeios pelo Central Park e o primeiro beijo, enquanto enfrentam dificuldades familiares e o distanciamento que pode surgir com mudanças na vida escolar.
Quais são alguns dos destaques e curiosidades sobre a produção do filme?
Além da atuação dos atores mirins, que tiveram seu primeiro beijo também na vida real durante as filmagens, o filme se destaca pela ambientação na cidade de Nova York, que funciona quase como um personagem, e pela diversidade cultural apresentada. O roteiro foi escrito em apenas seis semanas pelos criadores Jennifer Flackett e Mark Levin, que também são casados.
Confira também outros resumos e críticas:
- Resumo e Crítica: A Catedral (1989)
- Resumo e Crítica: A Fonte da Juventude (2025)
- Resumo e Crítica: 2 Filhos de Francisco – A História de Zezé Di Camargo & Luciano
- Resumo e Crítica: ABC do Amor (2005)
- Resumo e Crítica: Acompanhante Perfeita (2025)
- Resumo e Crítica: A Estrutura de Cristal (1969)
- Resumo e Crítica: A Boneca do Amor
- Resumo e Crítica: A Greve (1925)
- Resumo e Crítica: A Lenda do Reino do Amanhã
- Resumo e Crítica: A Górgona (1964)
- Resumo e Crítica: Alguém Tem que Ceder (2003)
- Resumo e Crítica: Apocalypse Now – Corte Final (2019)