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Resumo do filme Vitória

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No vibrante cenário do cinema brasileiro, onde a busca por narrativas que ecoem a alma de um povo se faz constante, surge um filme que não apenas emociona, mas provoca profunda reflexão: “Vitória”. Dirigido por Andrucha Waddington, em um trabalho que se entrelaça com o legado póstumo de Breno Silveira, a obra se estabelece como um pungente drama social, ancorado na performance monumental de uma das maiores atrizes de nossa história, Fernanda Montenegro. Longe de ser apenas um relato documental, o filme mergulha nas complexidades da existência humana frente à adversidade, transformando uma história real de bravura em um ensaio sobre a fragilidade e a força do espírito.

A premissa de “Vitória” é tão simples quanto impactante, inspirada na vida de Joana Zeferino da Paz, uma senhora octogenária que, de sua janela, documentou o tráfico de drogas em sua comunidade no Rio de Janeiro. Fernanda Montenegro encarna Nina, a protagonista que testemunha a escalada da violência urbana corroendo seu entorno e a tranquilidade de sua velhice. Acompanhamos sua jornada de observação silenciosa, que gradualmente se converte em uma ação decidida. A direção de Waddington, que assumiu o projeto após o falecimento precoce de Silveira, consegue transmitir a sensação de claustrofobia e urgência que permeia a vida de Nina, explorando o apartamento como um refúgio e, paradoxalmente, um palco de vigilância. A câmera se torna um extensionista do olhar da personagem, capturando a realidade crua com uma honestidade que perturba e comove.

O roteiro, assinado por Paula Fiúza, constrói uma narrativa que vai além da denúncia social. Ele investiga a solidão inerente à velhice e a indiferença de uma sociedade que muitas vezes ignora seus cidadãos mais vulneráveis. Nina não é apenas uma vítima da violência; ela é uma figura que anseia por conexão, por reconhecimento, por um propósito. A interação com o jornalista Flávio Godoy, interpretado por Alan Rocha, que transforma o caso em uma reportagem de grande repercussão, é um dos pontos altos do filme. Essa relação, embora nascida da necessidade, ilumina a capacidade humana de encontrar apoio e solidariedade em meio ao caos. Outros personagens, como Bibiana, vivida por Linn da Quebrada, adicionam camadas de humanidade e afeto à trama, contrastando com a dureza da realidade retratada.

Fernanda Montenegro, aos 95 anos, entrega uma atuação que é um espetáculo em si. Seu olhar, seus gestos contidos, a inflexão de sua voz; cada elemento de sua performance é milimetricamente calculado para construir uma personagem complexa e profundamente humana. Ela não apenas interpreta Nina, ela a habita, conferindo à personagem uma dignidade e uma força que transcendem a tela. É através dela que o filme explora a resiliência e a coragem de uma mulher comum que se recusa a ser silenciada. A cinematografia do filme, por sua vez, cria uma atmosfera que reflete o estado de espírito da protagonista, com tomadas que enfatizam a grandiosidade da cidade e a pequenez aparente de uma vida em risco, mas que se agiganta na luta por justiça. A trilha sonora pontua os momentos de tensão e introspecção, sem nunca roubar o protagonismo da história e das atuações.

“Vitória” é um filme que nos lembra que a luta pela justiça pode surgir dos lugares mais inesperados e que a coragem não tem idade nem pré-requisitos. É um drama que se inscreve no hall dos grandes filmes nacionais, não só pela sua relevância temática, mas pela sua execução artística primorosa. É uma obra que merece ser vista e discutida, não apenas em plataformas de streaming como o Globoplay ou o Prime Video onde poderá ser encontrada no futuro, mas também nas salas de cinema, onde sua mensagem pode ressoar com ainda mais força. Ao final, a “Vitória” não é apenas da personagem, mas do cinema que ousa olhar para as nossas feridas com honestidade e esperança.

Vitória (Vitória – Brasil, 2025)
Direção: Andrucha Waddington e Breno Silveira (trabalho póstumo)
Roteiro: Paula Fiúza
Elenco: Fernanda Montenegro, Alan Rocha, Linn da Quebrada, Silvio Guindane
Duração: 112 min.
Nota: ⭐⭐⭐⭐

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