Experimentei Crisis Core pela primeira vez logo após seu lançamento no ocidente. Como fã de Final Fantasy VII, eu não poderia deixar passar a oportunidade de conhecer a história que antecede o jogo original. Ao longo dos anos, voltei a jogar algumas vezes e finalizei o título novamente. Agora, para escrever esta análise, retirei meu PSP do armário e mergulhei mais uma vez na trajetória de Zack Fair. Inicialmente, a ideia era apenas relembrar os pontos principais da trama, mas bastou a sequência de abertura para me prender do começo ao fim.
Logo ao iniciar o jogo, a trilha sonora chama atenção. Desde a tela inicial, onde escolhemos entre começar uma nova partida ou continuar de um save, já ouvimos o tema principal de Crisis Core, uma melodia melancólica com piano em destaque, que se encaixa perfeitamente na atmosfera do título. Quem conhece Final Fantasy VII pode até antever parte do drama que será explorado.
A introdução traz cenas em CGI com gráficos aprimorados — diferentes do visual durante o gameplay, mas ainda assim impressionantes. Acompanhamos Zack Fair, o protagonista, em cima de um dos trens de Midgar, em uma missão para eliminar tropas Wutai disfarçadas. Ao passarmos para a jogabilidade, Zack questiona seu superior sobre a razão de enfrentarem soldados da Shinra, um detalhe que só faz sentido com o desenrolar da história.
Na sequência, a música familiar de um arranjo de “Opening – Bombing Mission” de FFVII embala a primeira batalha/tutorial. Uma voz feminina anuncia “Activating Combat Mode” e Zack empunha sua espada. O sistema de combate lembra títulos como Kingdom Hearts e Ni No Kuni: um RPG com turnos disfarçado de ação. Escolhemos comandos — ataque normal, magia, especial ou item — e as ações acontecem quase instantaneamente. Esses comandos podem ser personalizados por meio das matérias, pequenos orbes que concedem habilidades e são adquiridas durante a aventura.
Após a primeira luta, enfrentamos um inimigo mais poderoso, um Behemoth, clássico da franquia. Nessa hora, percebemos elementos que dão um tom mais dinâmico ao combate: é possível esquivar, bloquear e se movimentar livremente no campo. O posicionamento é estratégico, já que ataques pelas costas causam mais dano, tornando a sobrevivência um desafio interessante.
Não quero revelar mais detalhes da trama ou suas surpresas, mas vale destacar o tom emocional do jogo. Começa leve, mas logo se torna uma narrativa melancólica, centrada em temas como amizade e perda. Conforme avançamos, percebemos que nem Sephiroth é um vilão absoluto, mas uma das maiores vítimas da história.
Como o nome sugere, Crisis Core mostra o momento em que tudo começa a desmoronar. A poderosa Shinra revela sua verdadeira face, os SOLDIERs descobrem suas origens, o incidente de Nibelheim acontece, entre outras crises. O mais fascinante é acompanhar o desenvolvimento dos personagens envolvidos, especialmente Zack, que, apesar de seu otimismo, amadurece e adota uma postura mais séria.
Além do protagonista, o roteiro se destaca pela profundidade de personagens como Angeal, Genesis, Sephiroth, Cissnei e Lazard, todos muito bem explorados. A sensação de passagem do tempo é bem transmitida, já que o jogo começa sete anos antes dos eventos de Final Fantasy VII e termina exatamente onde o original se inicia.
O jogo também oferece várias missões opcionais, acessíveis nos pontos de salvamento, que ajudam a aumentar o nível de Zack e a conseguir itens melhores. O sistema de evolução é curioso: durante as batalhas, no canto superior direito da tela, há um mecanismo chamado DMW (Digital Mind Wave), parecido com um caça-níqueis com três slots que giram números de 1 a 7, cada um com o retrato de um personagem. Quando os três números 7 se alinham, Zack sobe de nível.
Além disso, o DMW oferece bônus quando dois números idênticos aparecem e pode até aumentar o nível das matérias quando três números iguais (diferentes de 7) aparecem. Embora pareça complexo e aleatório à primeira vista, o sistema se torna intuitivo com o tempo e adiciona uma dose de surpresa nas batalhas, ainda que influenciado pela habilidade do jogador.
Porém, Crisis Core não é isento de falhas. Um ponto negativo marcante é que, após algumas horas, o combate pode se tornar repetitivo, resultado de sua mecânica que poderia ser mais fluida ou totalmente baseada em turnos. Ainda assim, isso não é suficiente para afastar o jogador, pois a vontade de voltar ao jogo sempre retorna rapidamente.
Sem dúvida, Crisis Core é a melhor experiência dentro da Compilação de Final Fantasy VII e um dos títulos mais memoráveis da franquia. Ele entrega uma narrativa rica, com personagens cativantes desde o começo, e uma trilha sonora excepcional. Amplia com maestria o universo de FFVII e pode ser jogado de forma independente, embora seja mais apreciado por quem conhece o jogo original. Arrisco dizer que é a porta de entrada ideal para quem quer se aprofundar nesse universo. Um título obrigatório para quem busca uma história envolvente — só recomendo cuidado para os corações mais sensíveis.
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Crisis Core: Final Fantasy VII
Desenvolvedora: Square Enix
Lançamento: 13 de setembro de 2007
Gênero: RPG de ação
Plataforma: PSP
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Sou um entusiasta do entretenimento com paixão por cinema, séries, literatura e games, sempre em busca de boas histórias para compartilhar.
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Perguntas Frequentes:
1. Qual é o estilo de combate em Crisis Core: Final Fantasy VII e como ele funciona?
O sistema de combate em Crisis Core mistura elementos de RPG com ação em tempo quase real. Os jogadores escolhem comandos como ataque normal, magia, especial ou uso de itens, que são executados quase instantaneamente. Há também movimentação livre, esquiva e bloqueio, além do sistema DMW (Digital Mind Wave), que adiciona elementos de sorte e bônus durante as batalhas.
2. É necessário ter jogado Final Fantasy VII para entender a história de Crisis Core?
Não é obrigatório, pois Crisis Core pode ser jogado de forma independente e conta uma narrativa que antecede os eventos do jogo original. No entanto, jogadores que conhecem Final Fantasy VII provavelmente apreciarão ainda mais a profundidade da história e seus personagens.
3. Quais são os principais pontos fortes e fracos de Crisis Core: Final Fantasy VII?
Entre os pontos fortes estão a narrativa envolvente e emocional, personagens bem desenvolvidos, trilha sonora marcante e a expansão do universo de Final Fantasy VII. Como ponto negativo, o combate pode se tornar repetitivo após algumas horas devido à sua mecânica, que poderia ser mais fluida ou inteiramente baseada em turnos.
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