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Análise Crítica do Filme Critica 007 Somente Para Seus Olhos: Vale a Pena Assistir?

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Após o fracasso de 007 Contra o Foguete da Morte, a franquia do famoso agente secreto precisava urgentemente de uma renovação. Foi então que John Glen, que já havia contribuído como diretor de segunda unidade e editor em 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade e 007 – O Espião Que Me Amava, assumiu a direção do filme seguinte, com a missão de afastar a série das exageradas palhaçadas, do uso excessivo de gadgets mirabolantes e das tramas fantasiosas demais.

Com Glen no comando, o experiente roteirista Richard Maibaum, em parceria com Michael G. Wilson, adaptou dois contos de Ian Fleming – Somente para Seus Olhos e Risco –, combinando elementos e personagens de ambas as histórias para criar um roteiro mais realista e com os pés no chão, em contraste com o filme anterior.

A história gira em torno dos esforços de James Bond (interpretado por Roger Moore) para recuperar um aparelho tático chamado ATAC, que controla a frota de submarinos Polaris. O dispositivo afundou junto com um navio espião no Mar Jônico. Os soviéticos também estão atrás do ATAC e contratam um contrabandista grego para conseguir o aparelho, já que nem a Inglaterra nem a União Soviética podem se envolver diretamente, a fim de preservar o equilíbrio da Guerra Fria. Bond recebe ajuda de Melina Havelock (a encantadora Carole Bouquet), filha de arqueólogos marinhos que foram mortos ao se aproximarem do ATAC para o MI6.

Embora contenha a dose habitual de ação que o público espera, 007 – Somente Para Seus Olhos é um filme competente. John Glen, com sua direção e edição, conseguiu suavizar a interpretação de Roger Moore, que às vezes exagerava ao transformar Bond numa figura cômica. Com um Bond mais controlado, Glen entregou cenas de ação e lutas bem coreografadas e sem exageros. Além disso, ele resgatou uma característica clássica da série: as filmagens subaquáticas. Diferente da grandiosidade vista em 007 Contra a Chantagem Atômica e da eficácia de 007 – O Espião Que Me Amava, essas sequências subaquáticas, que utilizam garrafas de oxigênio, escafandros e pequenos submarinos, são visualmente atraentes, emocionantes e conseguem transmitir uma sensação real de perigo — dentro dos limites esperados para um filme de Bond, é claro.

Outro destaque é o clímax, gravado em Meteora, na Grécia, um local deslumbrante onde monastérios medievais foram construídos sobre rochas altas e praticamente inacessíveis. Embora pareça um cenário típico para um filme de 007, esses monastérios são reais, e Glen soube aproveitar ao máximo suas características, mesmo que algumas cenas acabem exagerando.

Por outro lado, a parte inicial da investigação de Bond, que o leva até os Alpes italianos, mais especificamente Cortina d’Ampezzo, não funciona tão bem. Lá, ele encontra Kristatos (Julian Glover), um informante grego disposto a ajudar. No entanto, a inclusão de uma jovem patinadora no gelo, Bibi Dahl (vivida por Lynn-Holly Johnson), que é apresentada como ninfomaníaca, e as cenas de ação seguintes quase transformam o filme em uma comédia pastelão. Felizmente, Glen consegue controlar o tom a tempo, compensando com cenas posteriores mais eficazes, incluindo as sequências subaquáticas.

Infelizmente, Bernard Lee, que interpretava M desde os filmes anteriores, faleceu no início das filmagens. Por respeito, a produção optou por não substituí-lo e reescreveu o roteiro para incluir outras autoridades britânicas, embora M retornasse com um novo ator já no filme seguinte.

Um detalhe curioso em 007 – Somente Para Seus Olhos é a cena pré-créditos. Pela primeira vez desde 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade, há uma referência direta a Tracy Bond, a falecida esposa de James. Bond é visto deixando flores em seu túmulo quando um helicóptero da Universal Exports (a fachada oficial do MI6) chega para buscá-lo. O piloto é assassinado, e o helicóptero passa a ser controlado remotamente por um homem careca em uma cadeira de rodas, vestido com um paletó indiano e segurando um gato angorá. Embora seu rosto e nome permaneçam ocultos, ele declara que há tempos deseja matar Bond e agora pretende concluir seu objetivo. Bond consegue retomar o controle da aeronave, capturando o homem pelo trem de pouso e jogando-o dentro de uma chaminé de fábrica, provavelmente matando-o.

Essa cena funciona como um desfecho para um grande arco envolvendo a S.P.E.C.T.R.E. e seu líder, Ernst Stavros Blofeld, personagem que apareceu em filmes anteriores com Donald Pleasence, Telly Savalas e Charles Gray, e que foi responsável pela morte de Tracy. Além disso, foi uma maneira que Albert R. Broccoli e a Eon Productions encontraram para desafiar Kevin McClory, que travava uma longa batalha judicial contra Ian Fleming e a própria Eon, alegando ser o criador e proprietário da S.P.E.C.T.R.E. e de Blofeld. Para evitar complicações legais, Broccoli decidiu eliminar de vez Blofeld do universo dos filmes, usando a cena enigmática da chaminé para dar um claro recado a McClory.

John Glen, que dirigiu mais quatro filmes da série, conseguiu revitalizar uma fórmula que já começava a se desgastar. No entanto, ele também foi responsável por uma mudança de tom tão radical, que quando Timothy Dalton assumiu o papel de Bond, quase significou o fim da franquia no cinema. Essa história será abordada em críticas futuras.

007 – Somente Para Seus Olhos (For Your Eyes Only, Reino Unido, 1981)
Direção: John Glen
Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson
Elenco: Roger Moore, Carole Bouquet, Topol, Lynn-Holly Johnson, Julian Glover, Cassandra Harris, Jill Bennett, Michael Gothard, John Wyman, Jack Hedley, Lois Maxwell, Desmond Llewelyn, Geoffrey Keen, Walter Gotell, James Villiers, John Moreno, Charles Dance, Paul Angelis, Toby Robins
Duração: 127 minutos

Perguntas Frequentes:
1. Qual foi o objetivo de John Glen ao assumir a direção de “007 – Somente Para Seus Olhos”?

John Glen assumiu a direção do filme com a missão de renovar a franquia James Bond, afastando-a das exageradas palhaçadas, do uso excessivo de gadgets mirabolantes e das tramas fantasiosas, trazendo um roteiro mais realista e com os pés no chão.

2. Como o roteiro de “007 – Somente Para Seus Olhos” foi desenvolvido?

O roteiro foi adaptado por Richard Maibaum e Michael G. Wilson a partir de dois contos de Ian Fleming – “Somente para Seus Olhos” e “Risco” – combinando elementos e personagens de ambas as histórias para criar uma trama mais realista e menos fantasiosa.

3. Qual é a importância da cena pré-créditos em “007 – Somente Para Seus Olhos”?

A cena pré-créditos faz referência direta a Tracy Bond, a falecida esposa de James, e funciona como um desfecho para o arco da S.P.E.C.T.R.E. e seu líder Blofeld, eliminando o personagem do universo dos filmes para evitar complicações legais com batalhas judiciais relacionadas aos direitos da S.P.E.C.T.R.E.

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