“Ouça a minha história, essa pode ser nossa última chance.” É com essa frase, acompanhada pela melodia do piano em “To Zanarkand”, que começa a décima edição da franquia de RPGs, Final Fantasy X. Este é o primeiro título da série a incluir vozes para os personagens e também o primeiro lançado para o PlayStation 2.
A narrativa acompanha Tidus, um renomado jogador de blitzball — um esporte aquático semelhante ao futebol — que atua pelo time Zanarkand Abes. Durante uma partida importante, sua cidade é atacada por uma criatura colossal chamada Sin, que acaba sugando Tidus de maneira misteriosa.
Depois de testemunhar a destruição de tudo o que conhecia, Tidus desperta sozinho em meio a ruínas e logo percebe que está em uma terra desconhecida chamada Spira. Sua perplexidade aumenta quando descobre que as pessoas dali afirmam que Zanarkand foi destruída por Sin há mil anos. Sem entender onde está nem o motivo de sua presença ali, ele busca uma forma de retornar para casa. No entanto, conforme avança, conhece Yuna, uma summoner com a missão de derrotar Sin.
Yuna é protegida por cinco guardiões: Wakka, Lulu, Kimahri, Rikku e Auron (este último se une ao grupo mais tarde). É claro que Tidus também passa a fazer parte dessa equipe. Assim, o que começou como uma tentativa de volta para sua cidade natal se transforma numa jornada para salvar Spira da ameaça de Sin. Porém, o foco da história nunca deixa de ser Tidus — como Auron ressalta logo no início do jogo, esta é a história dele.
Os aliados de Final Fantasy X
Final Fantasy X é talvez um dos títulos mais ousados da saga, trazendo um sistema de combate inédito e uma trama que se destaca dos demais. O tradicional sistema de batalha em tempo ativo (active-time battle), presente desde Final Fantasy IV, foi substituído por um sistema de turnos sem medidor de tempo, mas que mantém a dinâmica. Agora, é possível selecionar comandos rapidamente, mesmo enquanto outros personagens estão em ação. Além disso, cada inimigo possui fraquezas específicas a certos membros do grupo — por exemplo, Wakka é eficaz contra inimigos voadores — permitindo que muitas batalhas sejam encerradas antes que o adversário possa atacar.
Embora inicialmente pareça simples, o jogo exige do jogador uma boa dose de estratégia, especialmente em confrontos contra chefes, que podem durar minutos intensos. Outro diferencial é a possibilidade de trocar os membros da equipe durante a batalha — algo inédito na franquia —, recurso que se torna fundamental conforme a história avança. Esses elementos combinados fazem deste o melhor sistema de combate da série.
Apesar de suas qualidades, Final Fantasy X tem um ponto fraco: seu começo. Nas primeiras três horas, a maior parte do tempo é dedicada a uma introdução extensa, com poucos combates e muito deslocamento entre cenários para avançar na trama. Isso pode desanimar alguns jogadores logo no início, mas é importante perseverar, pois a recompensa vale a pena.
Além das batalhas envolventes, o jogo se destaca pelos gráficos impressionantes para a época — afinal, estamos falando de um título para PlayStation 2 —, especialmente em suas cutscenes. Um momento marcante é o ritual de sending realizado por Yuna nas primeiras horas, que também é retratado no logo do jogo.
A dublagem, principalmente em inglês, pode parecer estranha em certos momentos, mas no geral cumpre bem seu papel. As narrações de Tidus são particularmente eficazes, ajudando a estabelecer o tom da história, que transita entre momentos leves, tristes e românticos. O trabalho sonoro é excelente, com uma trilha memorável que se encaixa perfeitamente na atmosfera intimista do game. Músicas como “To Zanarkand” e “Suteki Da Ne” são exemplos que permanecem na memória dos fãs.
Um dos aspectos que mais conferem identidade ao jogo é o seu sistema de evolução dos personagens. O tradicional ganho de níveis foi substituído pelo Sphere Grid, um vasto tabuleiro onde cada casa concede melhorias para o personagem. O avanço ocorre com pontos de ação adquiridos em batalhas, e as melhorias são ativadas por esferas coletadas durante o jogo. Esse sistema pode parecer complexo no começo, mas logo se mostra um dos mais interessantes da franquia, permitindo personalização e crescimento estratégico dos personagens.
Além das missões principais e dos chefes opcionais, Final Fantasy X oferece um minigame chamado Blitzball, que é uma espécie de futebol aquático. Participar desses jogos rende itens especiais necessários para obter os melhores equipamentos. O único ponto negativo do minigame é a ausência de um tutorial adequado, o que dificulta seu aprendizado.
Com uma história diferente de outros títulos da série, marcada por um tom mais pessoal e sem um antagonista principal claro, Final Fantasy X é uma das propostas mais inovadoras da franquia. Seu sistema de combate e evolução é um dos melhores já criados, e ao longo das muitas horas de jogo é difícil não se apegar aos personagens e se envolver com a narrativa. Sem dúvida, está entre os melhores Final Fantasy já lançados.
Final Fantasy X
Desenvolvedora: Square
Lançamento: 19 de julho de 2001 (Japão), 17 de dezembro de 2001 (EUA)
Gênero: RPG de Turnos
Plataforma: PlayStation 2
Sobre o autor:
Refugiado de uma galáxia muito distante, acabei neste planeta por acaso. A paixão por filmes me conduziu ao universo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Porém, meu interesse pelo entretenimento não se limita ao cinema — literatura, séries e games também fazem parte dessa jornada sem fim.
Outras críticas disponíveis:
– The Last of Us: Left Behind
– Indiana Jones e o Cajado dos Deuses
– Assassin’s Creed Shadows
– The Last of Us Part I
– Mortal Kombat (2011)
– Red Dead Redemption 2
– Cyberpunk 2077
– Lost: Via Domus
– Lost: The Mobile Game
Perguntas Frequentes:
1. Quais são as principais inovações de Final Fantasy X em relação aos jogos anteriores da franquia?
Final Fantasy X introduz vozes para os personagens pela primeira vez na série e foi o primeiro título lançado para PlayStation 2. O sistema de combate tradicional em tempo ativo foi substituído por um sistema de batalhas por turnos sem medidor de tempo, permitindo seleção rápida de comandos e troca de membros da equipe durante as lutas. Além disso, o jogo apresenta o Sphere Grid, um sistema de evolução dos personagens que permite personalização estratégica.
2. Como funciona o sistema de evolução dos personagens em Final Fantasy X?
O sistema de evolução é baseado no Sphere Grid, um grande tabuleiro onde cada casa concede melhorias para os personagens. Os avanços são feitos com pontos de ação obtidos em batalhas, e as melhorias são ativadas por esferas coletadas ao longo do jogo. Esse método permite um crescimento mais personalizado e estratégico dos personagens, substituindo o tradicional ganho de níveis.
3. O que torna a história de Final Fantasy X diferente dos outros jogos da franquia?
Final Fantasy X apresenta uma narrativa mais pessoal e centrada no protagonista Tidus, um jogador de blitzball que é transportado para uma terra desconhecida chamada Spira. A trama não possui um antagonista principal claro e aborda temas variados, transitando entre momentos leves, tristes e românticos. Essa abordagem torna a história única dentro da série e cria um forte vínculo emocional com os personagens.
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